TRAGÉDIA 30/05/2014

Motorista contava o tempo para se aposentar

Pai de três filhos e uma filha, avô de Guilherme e marido de Jacinta Lúcia, 54. O motorista Francisco Erivaldo Matias Marinho, 56, havia iniciado o processo para se aposentar e planejava morar na serra
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Demitri Túlio demitri@opovo.com.br
IANA SOARES
Vítor Marinho junta os fragmentos de lembranças do pai: um relógio digital e CD de forró


O relógio digital, ainda marcado por sangue, virou fragmento das lembranças do pai Francisco Erivaldo Matias Marinho,56. Por esse dia tão trágico, Vitor Carneiro Marinho, 29, nunca esperou. Ninguém espera. Há quatro meses morando na serra de Pacoti, onde trabalha numa loja de eletrodomésticos, Vitor saiu de tempo quando recebeu um telefonema no meio da noite anunciando o assassinato do motorista da Cearense, uma empresa de ônibus que atua entre terminais de transporte coletivo em Fortaleza. “Nem acreditei, falei com ele na semana passada”.

 

Assim que conseguiu pegar uma topique, somente depois de uma chuvarada na serra, desceu às pressas o maciço de Baturité. Chegou para apascentar a dor inconsolável da mãe Jacinta Lúcia, controlar a vontade de chorar e ainda auxiliar o irmão Nivaldo Carneiro, 31, a apressar a liberação do corpo do pai que ainda estava na Polícia Forense. “Querem os documentos originais dele? Como? Os assassinos levaram tudo. Só temos as cópias”, respondia a uma ligação telefônica atrás da outra.

 

Alguém, do outro lado da linha, sugeriu que levassem a carteira do Ministério do Trabalho de Francisco Erivaldo. Motorista a vida inteira, segundo Vitor, foi trabalhador das empresas São José e Viação Fortaleza. Antes, dirigiu para o Banco do Nordeste do Brasil.

 

Mas era impossível também levar a Carteira do Trabalho. Há algumas semanas, Francisco Erivaldo havia reunido a documentação para dar entrada na aposentadoria. Passou a um colega da Cearense. No aperreio de quem tinha de lidar com a morte trágica, estava difícil localizar o amigo do pai. “Ele tinha me pedido para olhar uma casa pra ele em Pacoti. Depois de aposentado, queria morar por lá com a mãe”.

 

Francisco Erivaldo, que teve a vida assaltada de forma grosseira quando ainda trabalhava, era pai “duas vezes” de Vitor. Assim, o próprio Vitor define. “Ele é quem criava o meu filho Guilherme, desde que o neto nasceu há três anos”.

Rotina de assaltos
O assalto, que terminou com a morte de Francisco Erivaldo, não foi o primeiro sofrido pelo motorista durante o trajetos feitos nas linhas que passam pelos terminais da Parangaba, Siqueira e Lagoa. Vitor Marinho lembrava de outros sufocos. Pelo menos mais dois episódios foram narrados pelo pai. “Ele saia às 13 horas e voltava à meia noite. Rezava para chegar salvo”.

 

Patrícia Maria do Nascimento, cobradora e colega de empresa de Francisco Erivaldo, confirmava que os assaltos entraram na rotina do transporte público em Fortaleza. Em menos de dois anos, ônibus em que trabalhava foram invadidos quatro vezes.
Na noite da última quarta-feira, Francisco Erivaldo foi a vítima de uma tragédia anunciada.

 

Saiba mais

 

O adolescente de 13 anos já tem três passagens, segundo a Polícia Civil: por roubo, tráfico de drogas e contravenção penal.

O secretário a Segurança, Servilho Paiva, se solidarizou com a morte do motorista Francisco Marinho, antes de palestra sobre ações da segurança, no Marina Park Hotel.

“Com relação aos ônibus especificamente, a gente tem um trabalho que já vem de longa data. Desde que a gente chegou que a gente vem trabalhando com o Sindiônibus, com o foco específico de definir as rotas mais conflituosas, que tenham maior possibilidade desses eventos”, disse Servilho.

espaço do leitor
maria 31/05/2014 18:54
será que esse Petronio não faz parte de alguma gangue de menor? pois aqui esta se tratando da morte de um pai de familia, ou será que ele não tem medo de ser assaltado dentro de um onibus, ou então faz parte do direitos humanos, que s[o protege bandidos, no minimo ou ele é ou então pai de algum gang
C. D. Pinheiro 30/05/2014 14:26
O futuro da humanidade me preocupa, se pelo menos 10% dela, pensar igual a alguns que postaram determinados absurdos aqui. Não imaginava que a sociedade estivesse tão revoltada, primitiva, achando que se resolve os problemas do mundo com violência. Já basta os marginais com essa prática.
PETRONIO SANFER 30/05/2014 12:32
Lanão, com certeza vc não é usuário desse transporte coletivo de nossa cidade. Todos os dias eu presencio brigas causadas por esses motoristas vagabundos, não respeitam idosos, não querem parar para podermos descer e subir, sons as alturas. Enfim é um bando de revoltado da vida.Você é mais vagabundo
LANÃO 30/05/2014 12:05
PETRONIO SANFER pare de falar besteiras. Os cobradores e motoristas são trabalhadores como todos nos. Você tem que ficar revoltado é com esses políticos safados defensores dos direitos humanos, que não mudam as Leis que só servem para beneficiar menores safados. A polícia prende e a justiça solta
Nelman 30/05/2014 11:25
descanse em paz e condolencias a família.......e o prefeito e os responsáveis pela segurança da cidade? nessas horas que não aparecem na mídia. Eleitor continua sem saber como cobrar seus direitos!
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