O relógio digital, ainda marcado por sangue, virou fragmento das lembranças do pai Francisco Erivaldo Matias Marinho,56. Por esse dia tão trágico, Vitor Carneiro Marinho, 29, nunca esperou. Ninguém espera. Há quatro meses morando na serra de Pacoti, onde trabalha numa loja de eletrodomésticos, Vitor saiu de tempo quando recebeu um telefonema no meio da noite anunciando o assassinato do motorista da Cearense, uma empresa de ônibus que atua entre terminais de transporte coletivo em Fortaleza. “Nem acreditei, falei com ele na semana passada”.
Assim que conseguiu pegar uma topique, somente depois de uma chuvarada na serra, desceu às pressas o maciço de Baturité. Chegou para apascentar a dor inconsolável da mãe Jacinta Lúcia, controlar a vontade de chorar e ainda auxiliar o irmão Nivaldo Carneiro, 31, a apressar a liberação do corpo do pai que ainda estava na Polícia Forense. “Querem os documentos originais dele? Como? Os assassinos levaram tudo. Só temos as cópias”, respondia a uma ligação telefônica atrás da outra.
Alguém, do outro lado da linha, sugeriu que levassem a carteira do Ministério do Trabalho de Francisco Erivaldo. Motorista a vida inteira, segundo Vitor, foi trabalhador das empresas São José e Viação Fortaleza. Antes, dirigiu para o Banco do Nordeste do Brasil.
Mas era impossível também levar a Carteira do Trabalho. Há algumas semanas, Francisco Erivaldo havia reunido a documentação para dar entrada na aposentadoria. Passou a um colega da Cearense. No aperreio de quem tinha de lidar com a morte trágica, estava difícil localizar o amigo do pai. “Ele tinha me pedido para olhar uma casa pra ele em Pacoti. Depois de aposentado, queria morar por lá com a mãe”.
Francisco Erivaldo, que teve a vida assaltada de forma grosseira quando ainda trabalhava, era pai “duas vezes” de Vitor. Assim, o próprio Vitor define. “Ele é quem criava o meu filho Guilherme, desde que o neto nasceu há três anos”.
Rotina de assaltos
O assalto, que terminou com a morte de Francisco Erivaldo, não foi o primeiro sofrido pelo motorista durante o trajetos feitos nas linhas que passam pelos terminais da Parangaba, Siqueira e Lagoa. Vitor Marinho lembrava de outros sufocos. Pelo menos mais dois episódios foram narrados pelo pai. “Ele saia às 13 horas e voltava à meia noite. Rezava para chegar salvo”.
Patrícia Maria do Nascimento, cobradora e colega de empresa de Francisco Erivaldo, confirmava que os assaltos entraram na rotina do transporte público em Fortaleza. Em menos de dois anos, ônibus em que trabalhava foram invadidos quatro vezes.
Na noite da última quarta-feira, Francisco Erivaldo foi a vítima de uma tragédia anunciada.
Saiba mais
O adolescente de 13 anos já tem três passagens, segundo a Polícia Civil: por roubo, tráfico de drogas e contravenção penal.
O secretário a Segurança, Servilho Paiva, se solidarizou com a morte do motorista Francisco Marinho, antes de palestra sobre ações da segurança, no Marina Park Hotel.
“Com relação aos ônibus especificamente, a gente tem um trabalho que já vem de longa data. Desde que a gente chegou que a gente vem trabalhando com o Sindiônibus, com o foco específico de definir as rotas mais conflituosas, que tenham maior possibilidade desses eventos”, disse Servilho.
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