O cearense tomará conhecimento nesta semana da informação mais importante para determinar o desenrolar do ano. O prognóstico da quadra chuvosa, a ser divulgado nesta quarta-feira, 18, indicará se a atual seca chegará ao fim ou irá superar o recorde de estiagem mais longa já registrada. Os dados já apontam que é a mais severa em mais de um século.
A depender das projeções da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a Capital entrará em racionamento no próximo mês.
Situação que não ocorre há 23 anos.
O prognóstico da Funceme será crucial também politicamente. A falta de chuvas já é considerada pelo governador Camilo Santana (PT) como maior dificuldade de sua gestão. A previsão sinalizará se ele terá alívio na crise hídrica ou se continuará a administrar a escassez crescente de água.
Todas as projeções da Funceme conseguiram antecipar como seria a quadra chuvosa nos últimos anos, tanto quando houve seca quanto nas ocasiões em que choveu demais. Para esta quadra chuvosa, o prognóstico também é considerado um dos mais difíceis.
O relatório indicará as chances de as chuvas ficarem acima, abaixo ou próximo à média histórica. As informações são usadas pelo Governo do Estado para a elaboração de políticas de contingenciamento da seca ou controle enxurradas. “O prognóstico nos dá uma diretriz. Ano passado, a Funceme deu probabilidade de chuva abaixo da média. Em março, já começamos a discutir medidas, como o aumento da tarifa de contingência, implantado em agosto”, ressaltou o secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira.
Dificuldade
Para chegar às probabilidades, meteorologistas analisam dados acumulados há ao menos 30 anos, incluindo informações sobre campos atmosféricos e oceânicos, anomalias e fenômenos naturais.
Neste ano, fatores que poderiam facilitar a previsão não estão presentes, tornando a tarefa mais difícil. O El Niño (aquecimento das águas do Pacífico), que poderia influenciar em mais um ano de estiagem, não se apresentou. O La Niña (resfriamento do Pacífico), por outro lado, está fraco e deve perder força até a quadra chuvosa. Essas duas variáveis influenciam de forma mais intensa a quantidade de chuvas. Quando há um ou outro fenômeno, é mais fácil o prognóstico.
Sem eles, os meteorologistas se voltam ao Atlântico, que também está indefinido, além de ser historicamente mais imprevisível.
Para os gestores, há preocupação tanto se não chover quanto se chover. “Se for um prognóstico muito ruim, Deus queira que não, vamos ter de pegar o resto da água e aplicar, basicamente, para abastecimento humano”, projetou Teixeira. O secretário estima que, num cenário pessimista, até o fim de fevereiro o Governo deve estabelecer racionamento de água.
“Por outro lado, se as chuvas forem dentro das normalidades, não podemos nos empolgar”, ressaltou o titular da SRH, com receio de que a população pare de economizar ao ver a volta da chuva.
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