CONFRONTO DAS IDEIAS 06/01/2017

A quantidade de feriados em influencia significativamente na economia do País?

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Segundo estimativas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o comércio varejista brasileiro deverá deixar de ganhar R$ 10,5 bilhões em 2017 por causa dos feriados nacionais e dos feriadões. O valor é 2% superior ao projetado no ano passado. A quantidade de feriados em 2017 influencia significativamente na economia do País? 

 

SIM

 

A quebra de ritmo da atividade por meio dos feriados é sentida em todos os setores de atividade. Isso se deve não só pelo fato de terem menos dias úteis no período como também pelo fato de que as empresas e os trabalhadores entram em um estado de maior letargia antes e após os feriados, fazendo com que o nível de produtividade seja menor, principalmente nos setores que têm trabalho contínuo.

 

O impacto é ainda maior quando os feriados ocorrem durante o meio da semana. E muitas vezes ocorrem uma ponte entre esses e os fins de semana – gerando feriados prolongados – provocando uma redução de produtividade em diversos setores. E no ano de 2017, esses feriados prolongados chegarão a um número de nove, levando a perspectiva de um menor resultado para as empresas e ao governo, visto que provocará uma redução na atividade e na arrecadação.


Uma alternativa seria fazer com que alguns setores funcionassem neste período. Contudo, os custos trabalhistas inviabilizam segundo as empresas. Outra alternativa seria o deslocamento dos feriados que ocorrem no meio de semana, para a segunda ou sexta-feira.


O fato de se ter, além dos feriados nacionais, também feriados estaduais e municipais, faz com que algumas atividades que se interligam em diversos estados e municípios, terem também impactos quanto em nível de produtividade e resultados. Dado que os feriados de estados e municípios ocorrem de forma diversa ao longo do ano, faz com que empresas que têm inter-relação busquem um reordenamento de atividades em função de esses feriados impactarem em menor nível no resultado geral na empresa, muitas vezes fazendo com que parte dos funcionários trabalhe mesmo no feriado.


A estimativa da Fecomércio de São Paulo de um impacto ainda maior, de 2%, no ano de 2017 comparado a 2016 é bastante preocupante, visto que a economia brasileira já vem com dois anos seguidos de forte retração em mais de 3,5% no seu PIB.

 

"Uma alternativa seria que alguns setores funcionassem no período. Mas os custos trabalhistas inviabilizam"

 

Ricardo Coimbra

ricardo.coimbra@gmail.com

Mestre em Economia (UFC), professor (Fa7/Fanor-Devry/Uece) e conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec/NE)

 

NÃO 

 

A economia é uma ciência complexa e fascinante. Muitos são os comentários sobre os efeitos negativos dos feriados prolongados em 2017. Diariamente somos informados que perderemos bilhões de reais com os dias parados, com influência significativa no desempenho econômico brasileiro.

 

Não é tarefa fácil para nós, economistas, prever o comportamento de consumo influenciado pelo número menor de dias úteis. Compraremos menos comida ou remédio, somente porque o supermercado ou a farmácia fechará as portas mais dias durante o ano? Neste caso, tenho minhas dúvidas.


É fato que existirão setores e segmentos que serão afetados negativamente devido aos feriados. O exemplo mais conhecido de perdas será a indústria, que, em decorrência de menos dias úteis, a produção deverá ser afetada. Contudo, este é um “lado da história”.


No momento de folga, as famílias planejarão como preencher o “tempo ocioso”, em maior ou menor nível de gastos, a depender da situação financeira. É exatamente neste momento em que o “outro lado”, o turismo, poderá se beneficiar fortemente.


A economia do turismo, constituída de hotéis, pousadas, bares, restaurantes, agências de viagens, transportes, além de comércio do segmento, poderá “surfar nas ondas dos feriados” neste ano. Especialmente o estado do Ceará, que, por vocação, acolhimento e condições climáticas, pode catalisar os efeitos econômicos positivos que devem advir dos feriados prolongados.


No balanço dos impactos econômicos, é válido ainda lembrar que existem variáveis subjetivas, difíceis de serem medidas, a exemplo do impacto das folgas na produtividade dos trabalhadores.


Por fim, as perdas na indústria e segmentos do comércio são contrabalanceadas, em grande medida, pela atividade de turismo, de forma que não vejo que os feriados sejam tão problemáticos, de maneira a influenciar de forma relevante a economia brasileira em 2017.

 

"Compraremos menos comida ou remédio, só porque o supermercado ou a farmácia fechará as portas mais dias?"

 

Allisson Martins

allissonmartins@hotmail.com

Economista

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