Passados 179 dias desde quando foi protocolado, o pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT) será enfim votado neste domingo pela Câmara dos Deputados. Em julgamento, mais que uma antecipação do fim da era Dilma, o próprio legado de 13 anos de governos do PT e o futuro da sigla na política nacional.
Aberta às 14 horas, a votação ajudará a traçar imagem de Dilma e seu partido para as próximas gerações. Com dez segundos de fala para cada deputado, o legado de avanços sociais e distribuição de renda recorde se contraporá aos reflexos de uma intensa crise econômica e um dos maiores escândalos de corrupção da história do País.
“Não existe democracia onde imperam a corrupção e a falta de credibilidade”, disse o deputado Jorginho Mello (PR-SC) após abertura da sessão do impeachment. A tese foi rebatida por parlamentares do PT: "A grande raiva da oposição é que o povo brasileiro passou a sonhar, passou a ter gosto de viver, passou a ter sua terra, sua casa”, diz João Daniel (PT-SE).
A votação ocorrerá alternando entre estados do Norte e Sul, ficando o Nordeste para o final. Caso aprovado na Câmara, o impeachment segue ao Senado, onde a proposta chegaria com pressão maior.
Em caso da recusa do pedido pelos deputados ainda na Câmara, o governo já fala em “pacto nacional” para reconstruir a estabilidade política. “Vamos topar discutir com todo mundo na segunda-feira, o país precisa repactuar”, diz o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT).
Fortalecida, Dilma ganharia fôlego para enfrentar outros questionamentos contra seu mandato - incluindo ação contra sua chapa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A aprovação pelos deputados, ao contrário, poderia implicar afastamento da presidente, caso o Senado decida acolher o pedido de impeachment.
O futuro do PT
Além do legado petista, está em jogo também o próprio futuro da sigla, bem como de seus principais atores. Caso 342 deputados optem pela saída da presidente, se fortalecem dúvidas sobre o espaço do partido na reconfiguração política de um possível governo Michel Temer (PMDB).
Com a perspectiva de uma coalizão governamental entre PMDB, PSDB, DEM e PPS, o PT veria alçados ao poder seus maiores adversários. Além disso, seria selada a perda do peemedebismo - até a última eleição um de seus principais aliados em diversos estados.
A perda de espaço traria repercussões sobretudo nas alianças para as eleições municipais deste ano. Perdendo a máquina para a oposição, o PT e seus aliados sairiam com poder reduzido para negociação de alianças e composições de chapas.
A escalada de partidos que se dizem de centro-direita e direita, no entanto, reaproximaria petistas de movimentos sociais e partidos de esquerda e centro-esquerda, como o PDT, PCdoB e Psol. Setores do PT já vinham, inclusive, cobrando essa “guinada à esquerda”.
Nas ruas, estão marcadas manifestações por todo o País para acompanhar o processo. Com ambos os lados disputando voto a voto, a palavra final poderá sair apenas após voto de Ronaldo Lessa (PDT-AL) - último deputado a se manifestar de acordo com a ordem prevista no rito anunciado pela mesa diretora da Câmara dos Deputados.
NÚMEROS
342
votos seriam necessários para aprovar o impeachment de Dilma Rousseff na Câmara Federal
10
segundos é o tempo que cada deputado disporá para anunciar como irá votar no caso
SAIBA MAIS
Pela ordem anunciada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e validada pelo Supremo Tribunal (STF) após questionamentos da base aliada, o primeiro estado a votar será Roraima, na região Norte. Em seguida, serão ouvidos deputados do Rio Grande do Sul.
Estados do Nordeste, região considerada mais simpática ao governo, serão os últimos a votar na O Ceará está em 17º lugar na "fila", sendo Paraíba, Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas os cinco últimos a votar.
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