Viajar é conhecer lugares e culturas novas. Decidir explorar um destino sozinho, embora para muitos seja algo incomum, vem tornando-se uma atividade bastante realizada pelas mulheres. De acordo os dados divulgados pelo Ministério do Turismo em 2017, último sobre o assunto, 17,8% das mulheres preferem a viagem solo. O percentual feminino é superior ao dos homens, que ficou em 11,8%.
Segundo a turismóloga Dalmislan da Cruz, antes de viajar só, é imprescindível planejar todos os detalhes. "É importante procurar roteiros, informações, salvar mapas, dicas e alertas sobre o local", pontua. A profissional também ressalta que é necessário ter sempre em mente a independência. "É preciso dá conta de analisar os mapas, levar a bagagem e lidar com suas próprias decisões."
Acervo pessoal
Mila Pereira em Florença, na Europa
De mochila nas costas Mila Pereira, 33, foi uma das mulheres que decidiu encarar o mundo com uma mochila nas costas. Sua primeira viagem sozinha foi em 2015, aos 30 anos. "Passei
42 dias na Bolívia", conta. A viajante — dona do blog
Saia Pelo Mundo, onde compartilha suas experiências turísticas — também já passou por Portugal, Chile, México e hoje está no interior da França.
De acordo com Mila, viajar sozinha agrega bastante valor à sua vida. "É uma experiência muito mais intensa de viagem quando a gente está só. Você interage muito mais com a cultura local e com as pessoas. É um momento de autoconhecimento, porque você faz do seu jeito." A viajante conta que, em suas viagens, costuma sempre fazer o que a população do local faz.
Sobre estar sozinha nos lugares, Mila enfatiza que os olhares curiosos sempre a cercam. "Não sei se seria diferente se fosse um homem sozinho. Mas não passa um dia sem alguém perguntar cadê meu marido ou namorado. Isso me incomoda bastante, fico irritada porque ainda existe essa cultura de 'Cadê o seu marido?', que é quase 'Cadê seu dono?’” Embora nunca tenha acontecido nada grave em suas viagens, Mila conta que procura sempre ficar atenta.
Nellie de Paula, 65, também costuma explorar novos ambientes sozinha. Sua primeira viagem foi aos 30 anos. "Já fui sozinha para Londres, Miami, Inglaterra, França e Espanha. No Brasil, fui para Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Florianópolis."
A professora universitária aposentada comenta que, em suas primeiras experiências, o medo existiu. "No começo, você fica um pouco receosa com a segurança, se vai conseguir interagir, porque são países com línguas diferentes. Mas depois que fui gostei de ir, de ficar sozinha e decidir para onde ia e quando ia", diz.
Quando contou que iria viajar sozinha, Nellie afirma que as pessoas ficaram espantadas. "Sempre estranham e falam 'Sozinha? Como você vai sozinha?'. Normalmente, fazem esses comentários." No entanto, a aposentada frisa que nunca passou por nenhuma situação delicada com relação à segurança. "Não tive problema com isso, só dificuldades com os idiomas, porque não falava e ainda entendia pouco o inglês."
Para as mulheres que desejam realizar uma viagem sozinha, Nellie deixa um conselho. "A dica que eu dou é que elas vão, que não tenham medo e não deixem de viajar porque não tem companhia", finaliza.
Dicas de segurança
A turismóloga acredita que a melhor dica de segurança é o planejamento. "Com um bom planejamento, você não está livre de imprevistos ou de passar por alguma insegurança no meio da viagem, mas ajuda muito a lidar com diversas situações. Por exemplo, na hora de escolher a hospedagem, opte por um hotel ou hostel, pousada, camping e, independente da sua escolha, procure um que seja bem localizado e perto da área central e comercial", frisa.
Dalmislan também defende que as mulheres não devem viajar com medo. No entanto, pontua que é importante ficar esperta. "Existem questões que as mulheres que viajam sozinhas devem ficar mais atentas, uma delas é saber sobre o local. É bom ter atenção por onde passamos e evitar, principalmente, lugares mais desertos", destaca.
Blogs que inspiram a viagem independente
Se o medo de enfrentar a estrada sozinha é o que te impede de viajar, conheça alguns blogs que podem ajudar a superar o receio.
Mila Pereira criou o blog para disseminar a ideia de que uma mulher não precisa de companhia para viajar e que pode ser independente.
O blog da jornalista paulistana Gaía Passareli fala sobre a liberdade de descobrir seus próprios caminhos e não precisar de companhia para viajar. A escritora, em 2016, lançou o livro "Mas Você Vai Sozinha?"
Bruna Bartolamei resolveu iniciar um intercâmbio em Edumburgo, na Escócia. Lá, ela descobriu o amor por viagens. Voltou a Brasil e começou a estudar turismo. Hoje, com o blog, ela ajuda aqueles que querem explorar a Europa sem companhia.
Camila Lisboa era uma típica viajante solo e, no entanto, encontrou outro rumo e abriu um hostel em Chiloéa, no Chile. Seu blog é repleto de dicas e informações para quem quer viajar sozinho pela América Latina.