Com foco em posicionar Fortaleza cada vez mais como referência nacional e internacional quando se fala em mobilidade urbana, ações de integração, desde 2013, providenciam maiores possibilidades de deslocamento para os moradores e visitantes locais. Luiz Alberto Sabóia, secretário-executivo da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos de Fortaleza (SCSP), diz-se otimista com os trabalhos realizados em Fortaleza e afirma que é preciso acabar com a noção de que mobilidade envolve prioritariamente carros e facilidade de acesso às vias. Temas como segurança viária, mortes no trânsito e poluição encaixam-se na discussão.
No aspecto de segurança no trânsito, a Capital fechou 2017 com 20.309 acidentes, um número 26% menor quando comparado a 2016. No mesmo período, a redução no número de mortes foi de 9%. "A grande mudança que Fortaleza implantou foi de ter entendido que a mobilidade tem a ver com muito mais coisas que apenas carro", explica Sabóia. O titular da pasta também reforça como priorizações integração do transporte público, faixas exclusivas de ônibus e destravamento de "gargalos no trânsito".
Mudança no olhar
Um ponto de virada para a mobilidade de Fortaleza ocorreu com as criações do Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI) e do Plano de Ações Imediatas de Transporte e Trânsito (Paitt), célula vinculada à SCSP e implantada em 2014 que tem entre seus objetivos promover uma mobilidade sustentável para reduzir os índices de poluição. Gustavo Pinheiro, engenheiro civil que compõe o Paitt, destaca a aplicação das faixas exclusivas de ônibus, que em 2018 passam dos 100 quilômetros de extensão, frente aos três quilômetros de 2013.
No trânsito, outra medida realizada em 2018 visando à segurança foi a redução da velocidade máxima de vias como as avenidas Osório de Paiva e Leste-Oeste de 60 km/h para 50 km/h. Em relação à Leste-Oeste, estudo divulgado pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) mostrou que, até junho deste ano, houve uma baixa de 63% no número de atropelamentos. Para 2019, aponta Sabóia, a meta é criar 25 estações do projeto Bicicletar, na região oeste, em bairros como Pirambu, Floresta e Jacarecanga, já no primeiro trimestre de 2019.
O sistema Vamo (veículos alternativos para mobilidade), de carros compartilhados, também deve ser expandido, com a aplicação de veículos movidos a gás proveniente de usinas que reciclam o lixo gerado em Fortaleza. Travessia segura Conceito que ganha espaço nas discussões de mobilidade urbana, a caminhabilidade se define como o quão acessível é uma determinada área para pedestres, com segurança e conforto.
Defensor da ampliação da caminhada como forma de deslocamento, o jornalista e editor de campanhas do portal Mobilize Brasil, Marcos de Sousa, avalia Fortaleza como positiva nas medidas realizadas nesse quesito. O especialista relembra que, em 2012, o Mobilize Brasil realizou uma avaliação das calçadas de 12 cidades, a Capital inclusa. Na época, as calçadas das avenidas Domingos Olímpio e Bezerra de Menezes foram avaliadas positivamente.
Em 2019, novo estudo irá ocorrer, desta vez contemplando todas as capitais brasileiras. De Souza explica que, atualmente, não há nenhuma cidade no Brasil com um sistema amplo de calçadas que dê prioridade ao pedestre. "O único caso que talvez esteja fazendo uma ação coordenada é Fortaleza. Tivemos exemplos no Rio de Janeiro, mas são desiguais, como avanço na malha cicloviária, que não afetam as calçadas; avanço no transporte público, que não tem manutenção. É uma coisa pulverizada."
Na Capital, ações como a implantação de áreas de trânsito calmo, próximas ao Hospital Albert Sabin e Hospital Universitário, na região de Porangabussu, serviram como medidas para facilitar a travessia dos pedestres. "Implantação de travessias elevadas, prolongamento de esquinas para facilitar as travessias dos pedestres, incentivo à melhoria das calçadas, todas essas ações em conjunto continuarão sendo implantadas nos próximos anos", fala Pinheiro.
Deslocamentos em duas rodas
Os números mostram um avanço considerável quando se fala em mobilidade urbana por meio de ciclofaixas: de 68 quilômetros de cobertura em 2013, a estrutura saltou para 245 quilômetros, com meta do poder público de chegar a 400 quilômetros até 2020. Reconhecendo a melhora da Cidade, Felipe Alves, diretor financeiro da União de Ciclistas do Brasil (UCB), ressalta que, diante do cenário nacional, a capital cearense merece o reconhecimento recebido, mas que alguns pontos demandam atenção. Boa parte desse movimento também se deve à implantação do Bicicletar, sistema de bicicletas compartilhadas. Atualmente, o projeto conta com 80 estações em Fortaleza, o que soma um total de 800 bicicletas disponíveis para uso.
Uma das críticas de Alves relaciona-se à priorização do transporte motorizado individual, como alargamento de vias. "Tem que tentar mudar o transporte que as pessoas usam, para não usar o carro e a moto para tudo. As pessoas precisam ter mais opções de modos de deslocamento e integração para chegar onde querem ir da melhor forma." Em relação à malha cicloviária, o diretor da UCB elogia a presença em todas as regiões da cidade, mas que o interior de bairros periféricos ainda carece de atenção.
Mesmo com a maior presença de ciclistas em Fortaleza, o relacionamento com os motoristas precisa ser trabalhado de forma mais intensa, defende Alves. "Precisa de mais campanhas de educação e de uma punição mais rigorosa e uma fiscalização mais presente. Com todo o aumento da malha cicloviária, toda a visibilidade que o tema ganhou, várias questões que eram desconhecidas agora estão mais conhecidas. O respeito melhorou, mas quem está pedalando ainda não se sente 100% seguro."
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