O POVO CARIRI 21/08/2018 - 10h00

Descubra os muitos ângulos de um mesmo Cariri

Nascido em Juazeiro do Norte, Jari Vieira leva consigo uma réplica em miniatura da estátua do Padre Cícero e a retrata em viagens, em homenagem à avó. Além do Padim pelo Mundo, outros projetos do fotógrafo também registram a região
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Gabriela Custódio gabrielacustodio@opovo.com.br
Fotos: Jari Vieira/divulgação
A estátua do Padim na Champs-Élysées, Paris

Da infância vivida e brincada em Juazeiro do Norte, o fotógrafo e professor universitário Jari Vieira guarda na memória a movimentação da cidade nas romarias e as histórias sobre Padre Cícero contadas pela avó. Aos oito anos, deixou a cidade natal, para onde voltava durante as férias escolares. Hoje, leva pequena estátua do ícone caririense por onde anda, Brasil e mundo afora. Seja em Paris ou na praia cearense Mundaú, Jari posiciona a imagem de Cícero para as fotos. O nome do projeto: Padim pelo mundo.

Apegado que era a Maria do Carmo Vieira de Souza, a avó apelidada de Manhota — a “mãe outra” —, as fotos são uma homenagem a ela. “Minha avó faleceu com 92 anos [em novembro de 2016] e eu tinha um carinho muito grande por ela e ela tinha um carinho muito grande pelo Padre Cícero”, conta. A estátua deveria ter sido enterrada junto a Manhota. Com a emoção do momento, foi esquecida no bolso do neto. “Meu irmão mais velho disse: ‘Calma, Jari, se a estátua não foi com ela, é porque ela queria que ficasse com você’”, lembra.

Foi assim que a pequena figura de gesso, comprada no mercado de Juazeiro do Norte na companhia de Manhota, assistiu à chegada de 2017 na Champs-Élysées, Paris; conheceu a Fontana di Trevi, Roma; atravessou a Ponte Rialto, Veneza, em um passeio de gôndola; visitou o Jardim Botânico de Curitiba; e sentiu o vento em uma jangada na praia de Guajiru. “É sempre a mesma estátua que anda comigo e, quando eu acho necessário, tiro as fotos. Não é algo em que fico pensando.” As fotos são compartilhados no Instagram @jarivieira com a hastag #padimpelomundo.

A presença da fotografia
Esse, porém, não foi o primeiro projeto relacionado à região que Jari realizou após sair do Cariri com a mãe, o pai e os irmãos. À época da formatura em Comunicação Social Publicidade e Propaganda pela Universidade de Fortaleza (Unifor), no final de 2001, escolheu Juazeiro como cenário para o Trabalho de Conclusão de Curso. “Foram três ensaios: um artístico, um jornalístico e um etnográfico. Mostrei como um fotógrafo poderia fotografar a mesma coisa, no caso a romaria de Juazeiro do Norte, sob três perspectivas.”

A fotografia está na verdade presente desde cedo na vida de Jari. Ainda no colégio, levava “uma câmera portátil, dessas de plástico pequenininhas que hoje ninguém quer para nada” para retratar colegas e professores.

Já na faculdade, foi monitor da disciplina de fotografia e, então, começou a ter contato com os alunos e a ser um intermediário entre eles e o professor. Aos poucos, Jari conta que a experiência o fez sair do “amadorismo”. Depois de formado, passou a fazer trabalhos para agências e a ministrar aulas. “Meu trabalho autoral, aquele que eu faço sem que ninguém me peça, é o trabalho voltado para o sertão, para a cultura nordestina.” E, em suas imagens, “volta e meia”, busca incluir o Cariri. “Acho que é uma região muito rica, em que a cultura, ali, brota do chão.”

Novos olhares
Hoje professor do Centro Universitário 7 de Setembro (Uni7) e da Unifor, ambas de Fortaleza, ele busca estimular alunos a conhecerem as realidades e as culturas locais. Na Uni7, participa do projeto Roteiros junto a outros professores. A iniciativa leva os participantes a passarem um dia desenvolvendo produções jornalísticas em cidades próximas a Fortaleza e documentando os locais visitados com diferentes recursos, incluindo a fotografia.

Já no Pau de Arara, criado por Jari para estudantes da Unifor em 2002, os participantes percorrem diferentes locais do Nordeste. Em 2015, foi a vez de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Nova Olinda serem fotografadas. “É como se eu estivesse voltando para agradecer por tudo que o Cariri fez por mim, por tudo que o Cariri me ensinou.”

  • A estátua do Padim na Champs-Élysées, Paris
  • Projeto Padim pelo Mundo em Nova Olinda
  • Estátua do Padim no Horto, em Juazeiro do Norte
  • Padim pelo mundo no Coliseu, em Roma
  • Projeto Padim pelo mundo em Veneza
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