BATE-PAPO 29/04/2018 - 07h00

"Tive mais apoio dos meus amigos homens que de amigas"

Norma Maria de Oliveira, a mineira que aos 64 anos trouxe ao mundo a pequena Ana Letícia, falou em entrevista sobre o processo de sua gravidez e das dificuldades pelas quais passou durante esse período
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Kelly Hekally kellyhekally@opovo.com.br
Reprodução Gazeta Online
O processo de tentativa de Norma teve início em 2015. Sua filha nasceu este mês

Medo é palavra que parece não existir no dicionário de Norma Maria de Oliveira. Mineira mais comentada em diversos países durante este mês, a procuradora do município de Itabira, em Minas Gerais, trouxe ao mundo no dia 10 de abril de 2018 a pequena Ana Letícia, que desde que nasceu, prematuramente, segue na UTI Neonatal aguardando ganhar mais peso enquanto sua mãe, do lado de fora, espera ansiosa para segurá-la novamente nos braços.

"Eu percebi que as pessoas têm certa restrição, preconceito com pessoas mais velhas serem mãe. E que há muito forte a ideia de que filhos precisam ser criados com o pai, que tem que ter casamento", disse a jurista de 64 anos em entrevista às Revistas O POVO. Confira a íntegra da conversa. 

Você chegou a ir à Índia em busca de tratamento para engravidar...
Em dezembro de 2015, fui à Índia porque aqui no Brasil estava havendo restrição para que mulheres com mais de 50 anos engravidassem. Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) proibia. Como não consegui entrar em Jabalpur, meu destino, para me tratar acabei voltando para cá sem ter conseguido.

E depois?
Em 2016, um amigo indicou-me a Fertibaby de BH (Belo Horizonte). Nesse mesmo ano iniciei o tratamento com hormônios, com psicólogo e tudo o que está incluído na fase inicial. Voltei em agosto de 2017 à clínica e cerca de 15 dias depois meu óvulo foi fecundado. O sêmen foi de um conhecido.

O desejo de ser mãe veio em 2015?
Não. Sempre o tive, mas não tinha dinheiro para pagar uma fertilização.

Quais foram as causas da sua infertilidade?
Várias. Ovário policístico, trompas obstruídas, útero com sinéquias e outras.

Que aspectos positivos e negativos foram ressaltados pelo médico antes de iniciar o tratamento?
Ele verificou sobretudo minha saúde clínica e cardiológica. Ela estava perfeita. Eu não lembro exatamente dos detalhes, mas a gente sabe que a fertilização in vitro não é 100% garantida. Porém, eu estava muito tranquila.

Em algum momento, depois de tomada a decisão de engravidar, houve receio, sofreu preconceito?
Para falar a verdade, acho que o maior preconceito que enfrentei foi durante as sessões com a psicóloga. A aceitação da profissional que estava me acompanhando por conta da idade não foi fácil. Eu percebi que as pessoas têm certa restrição, preconceito com pessoas mais velhas serem mãe. E que há muito forte a ideia de que filhos precisam ser criados com o pai, que tem que ter casamento. O conceito tradicional de família é muito forte. Percebi que ela achava que meu filho ou filha teria que ter pai e mãe. Por isso, demorou tanto para que eu passasse essa primeira fase.

Como lidou com essa situação?
Eu nunca tive esse medo. Sempre me dei bem com essa questão. Eu não tive a presença do meu pai. Quando entrei na universidade, eu já tinha perdido meu pai. Tive que lutar pela minha sobrevivência.

E em meio à família e aos amigos?
Na minha família, não enfrentei preconceitos. Por parte dos conhecidos sim. Alguns diziam 'Nossa! Grávida nessa idade.' Colegas falaram que eu era louca. Tive mais apoio dos meus amigos homens que de amigas.

Há expectativa de quando a Ana Letícia sairá da UTI?
Os médicos me dizem que está tudo ok e que ela está lá para pegar peso. Mas ainda não há uma data para ela sair.

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