PERFIL 27/04/2018 - 07h00

O que pensam os pós-millennials que chegam à maioridade?

Jovens e especialistas veem o acesso à internet como grande ponto de mudança desde os anos 2000. As relações interpessoais passam por transformações e as diferenças entre as pessoas estão sendo vistas com mais naturalidade
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Marcos Souza marcossouza@opovo.com.br
Divulgação
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de três milhões de brasileiros nasceram em 2000

A maranhense Clara Franco é estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) e possui uma vida social, diz, "atrelada às redes sociais". Já o baiano Josué Vitor, que concluiu em 2017 o ensino médio vem desde o começo desse ano estudando com o auxílio de um site de educação para tentar aprovação em um concurso público e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O que os dois têm em comum? O fato de que em 2018 completam 18 anos e se tornam a primeira geração dos anos 2000 a atingir a maioridade.

De acordo com o órgão de pesquisa estadunidense Pew Research Center, as pessoas que atingem a maioridade em 2018 fazem parte da geração pós-millennials, na qual estão inseridos as que nasceram entre 1997 e 2009. O centro aponta, a partir de análise da sociedade norte-americana, que alguns dos fatos que marcam os pós-millennials são a imersão em um mundo conectado à internet e aprovação de questões como união entre pessoas do mesmo gênero.

O psicanalista Antonio Secundo, membro fundador do Corpo Freudiano de Fortaleza, afirma que uma das principais características desse grupo é a "efemeridade" nas relações interpessoais. Ele as considera constantemente marcadas pelo intermédio das redes sociais. "A geração de agora possui muitos recursos. Hoje, você tem tudo muito pronto. Um dos ganhos disso é o acesso à informação de maneira muito imediata, acesso a livros, filmes", aponta o especialista.

Nas visões de Clara, que completou 18 anos dia 9 de fevereiro, e Josué, que atingirá a maioridade em 29 de setembro, a web tem função preponderante em suas vidas. "Muitas das reivindicações da vida real partem da internet. Há jovens muito bons hoje, pensantes, mas também vejo que uma minoria, muitas vezes, usa essas coisas de uma maneira que não era para usar", avalia Josué, que revela ter desinstalado, recentemente, algumas redes sociais de seu smartphone como estratégia para focar nos estudos.

Clara, que considera "o meio on-line bom para se expressar", recorda a mobilização feita pelo movimento Rua Juventude Anticapitalista, do qual faz parte, quando o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi preso, em 7 de abril deste ano. "O WhatsApp foi um grande organizador do evento."

Rigidez dos pais
Outro aspecto em comum entre Clara e Josué é a concordância de que a geração de seus respectivos pais era mais rígida. Josué, filho de um pastor de uma igreja evangélica e de uma dona de casa, avalia que "a criação mais antiga, de certa forma, era mais rígida, mais nos limites." "Eu vejo que infelizmente as gerações estão ficando mal-educadas, rebeldes, sem limites". Clara, filha de um cabeleireiro e de uma cozinheira, considera expressiva a diferença da educação entre a sua geração e a de seus pais." Eles [pais dela] têm um pensamento totalmente diferente e meio que mais fechado", define.

O sociólogo Eduardo Moreira explica que os pós-millennials nasceram num contexto sociopolítico distinto, marcado pela hegemonia do sistema capitalista após o fim da Guerra Fria, o que, segundo ele, facilita a sobreposição do individual em relação ao coletivo. Outros aspectos que Moreira percebe como típicos dessa geração são dificuldade de estabelecer barreiras entre o certo e o errado e maior facilidade para lidar com questões de gênero. Ainda segundo o especialista, "há dois, três anos, essa geração está vivendo a sua primeira grande crise e aprendendo a viver com dificuldade, num baixo nível de consumo, quadro que pode dar margem a pensamentos mais conservadores."

 

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