ENTREVISTA 26/11/2017 - 07h00

Laís Souza: a trajetória da ginástica artística à psicologia

A ex-ginasta de 28 anos esteve em Fortaleza e conversou com as Revistas O POVO sobre sua carreira e a rotina após o acidente que sofreu em 2014
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Lia Rodrigues liarodrigues@opovo.com.br
Fotos: Camila de Almeida
Respirar sem o auxílio de aparelhos e ficar em pé com o auxílio de um estabilizador são algumas das vitórias de Laís

Foi entre os três e quatro anos de idade que a ex-atleta de ginástica artística Laís Souza, 28, deu os primeiros passos no esporte. "Pedi para minha mãe de presente de aniversário e ela pagou um teste [de ginástica] para mim", conta a paulista, que começou a competir aos seis. Na modalidade, participou de competições até 2012, quando fraturou a mão e foi impedida de participar dos Jogos Olímpicos desse ano.

Representou o Brasil em mundiais, Jogos Pan-Americanos, Copas do Mundo e em duas edições dos Jogos Olímpicos. Em 2014, após encerrar sua carreira como ginasta, foi selecionada para a equipe brasileira de esqui aéreo e garantiu vaga para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi, na Rússia. Às vésperas da competição, entretanto, um choque com uma árvore deixou-a tetraplégica.

Primeira paciente com lesão da 3ª vértebra da coluna cervical a ser submetida à terapia com células-tronco no Miami Project, centro de tratamento e pesquisa de paralisia nos Estados Unidos, há três anos, Laís supera as dificuldades, luta por sua recuperação e, aos poucos, conquista vitórias. Respirar sem o auxílio de aparelhos e ficar em pé com o auxílio de um estabilizador são algumas delas.

Atualmente, sua rotina divide-se entre a graduação em Psicologia, sessões de fisioterapia e viagens para palestras que ministra dentro e fora do Brasil. Em visita a Fortaleza este mês para ministrar "Fisioterapia e Superação", palestra que compôs a programação da II Jornada de Fisioterapia da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza (Fametro), Laís conversou com as Revistas O POVO sobre sua carreira no esporte e sua vida após o acidente. O bom humor e o sorriso foram presentes durante o momento. Confira o bate-papo.

"Estou fazendo psicologia pela Estácio, que é minha patrocinadora", diz Laís

Revistas O POVO - Como foi participar de duas olimpíadas?
Laís Souza - Acho que, para o atleta, a Olimpíada é meio que o ápice. Quando eu consegui a minha vaga, foi com muito esforço que eu tive, por repetição. A cada dia meu professor puxava muito a minha orelha para eu conseguir estar ali, entre os melhores do mundo. Estar competindo na Olimpíada e ainda ir pela segunda vez… Eu tentei ir pela terceira vez também, estava dentro da equipe, mas acabei tendo que voltar porque tive uma fratura na mão. Sempre fui muito competitiva e estar ali foi muito gratificante. Entreguei minha vida, minha infância, minha adolescência, tudo pela ginástica. Meu nome está lá na história da ginástica.

Revistas O POVO - Após a sua saída da ginástica artística, como aconteceu a escolha pelo esqui aéreo para seguir no esporte? Você já praticava?
Laís Souza
- Nunca tinha praticado esqui. Eu tinha visto, aquele esporte exatamente [esqui aéreo], só no YouTube. Eu fiz o teste por desespero mesmo, porque eu estava numa depressão meio feia quando parei a ginástica. Eu não sabia o que ia fazer, então entrei em depressão. Um tempo depois, recebi o convite para fazer o teste do esqui e acabei passando. Eu ia me jogar por uns tempos no esqui, e o pior é que deu certo. Consegui me profissionalizar, competi, ganhei algumas medalhas, consegui a classificação de novo para a Olimpíada e, de novo, uma semana antes, tive o [outro] acidente.

Revistas O POVO - O que o acidente te trouxe de aprendizado?
Laís Souza
- Muita coisa. Eu falo que, depois do meu acidente, tive que me tornar uma nova pessoa, uma nova Laís. Porque muitas coisas mudaram, eu tive que fazer muitas adaptações. Ainda venho fazendo muitas adaptações. Tive que aprender a olhar mais para a frente, o próximo. Dependo de uma pessoa 24h, isso também é complicado. A paciência entrou de cabeça na minha vida.

Revistas O POVO - Você está cursando psicologia. Esse era um desejo antigo? Como tem sido?
Laís Souza
- Estou fazendo psicologia pela Estácio, que é minha patrocinadora. Estou gostando muito e nem era a opção que eu pensava antes. Antes era fisioterapia, mas, por conta de eu não estar me mexendo agora, eu preferi fazer psicologia. Acho que mais para frente vou poder trabalhar. Posso escolher uma área de esporte, posso mesclar tudo e trabalhar.

Revistas O POVO - No ano passado, você experimentou jogar bocha. Como foi a experiência de voltar ao esporte? Isso te fez pensar no esporte paralímpico?
Laís Souza
- Eu tive a oportunidade de conhecer lá no Rio de Janeiro. Gostei, achei muito legal. As jogadas têm que ser bem pensadas, bem boladas, assim como na ginástica, no esporte como um geral. Mas ainda não vai ser agora. Talvez mais para frente pode ser que eu comece a jogar e a me focar em alguma outra coisa, mas, por enquanto, [o meu dia] está cheio.

Revistas O POVO - Quais são seus sonhos e planos para o futuro?
Laís Souza
- Acho que, por enquanto, sonho em ter uma vida mais adaptada, feliz mesmo. É óbvio que eu tenho o sonho de andar e terminar minha faculdade. Tenho muita vontade de abrir um instituto para passar para a frente o meu conhecimento, o pouquinho que eu aprendi nesses últimos tempos. Acho que é isso.

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