DESMITIFICAR 16/05/2018 - 17h15

Estudo diz que uso de filtro não diminui sintetização da vitamina D

A pesquisa, promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, confirmou que exposição ao sol com ou sem filtro solar tem pouca variação em absorver a vitamina
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Ester Coelho estercoelho@opovo.com.br
Divulgação
A falta da vitamina D no organismo está relacionada à dificuldades no crescimento das crianças e à osteoporose em adultos

Novo estudo conduzido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) revelou que a pele é capaz de sintetizar a vitamina D mesmo com uso de fotoproteção. Os resultados identificaram que a síntese dessa substância em adultos saudáveis submetidos à fotoproteção solar leve foi semelhante a dos participantes expostos sem nenhuma proteção.

"Como o filtro bloqueia com eficácia a absorção de UVB, muitos profissionais acreditavam que ele era responsável pela insuficiência da vitamina em pacientes", explica a doutora em dermatologia Clívia Carneiro, uma das coordenadoras do estudo. A pesquisa, realizada no laboratório de análises clínicas da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, reuniu três grupos de voluntários, com integrantes que utilizaram filtro solar de FPS 30, sem filtro solar e confinados da exposição por 24 horas.

Para identificar a variação dos níveis do hormônio no corpo, um exame de sangue foi realizado antes e depois da exposição leve de 10 a 15 minutos ao sol. O resultado revelou que existiu síntese mesmo naqueles expostos com fotoproteção, sem diferenças significativas em relação aqueles que não a utilizaram. A vitamina D é um hormônio produzido de duas formas - por meio da pele exposta ao sol e pela via da alimentação. Entre os fatores que realmente influenciam a sua absorção no organismo estão a cor e espessura da pele.

Uma maior pigmentação da pele reduz a capacidade cutânea da síntese de vitamina D. Por isso, pessoas de pele escura precisam de mais tempo para absorver a vitamina, portanto maior tempo de exposição ao sol. Pessoas com pele clara são sintetizadoras mais eficientes, necessitando, assim, menos tempo diante dos raios solares. Já os idosos têm a pele mais fina e consequentemente estão dispostos à hipovitaminose D. Para esses casos, a dermatologista sugere uma reposição oral recomendada por um médico especialista. Outros fatores como o Índice de Massa Corporal (IMC) também podem afetar a distribuição do hormônio pelo corpo.

Recomendações
A falta da vitamina D no organismo está relacionada a dificuldades no crescimento das crianças e à osteoporose em adultos. Atualmente, essa carência também está sendo atrelada ao câncer, doenças autoimunes e cardiovasculares. Por isso, é muito importante manter seu nível saudável no organismo. Os níveis necessários são altos e não podem ser adquiridos apenas por meio da dieta: devem ser complementados pela exposição solar.

De acordo com a médica, essa obtenção benéfica de vitamina D acontece no período de 10 às 16 horas, mesmo horário que predispõe o câncer de pele. Por essa razão, é muito importante utilizar o filtro solar e se expor apenas pelo tempo necessário. Segundo a dermatologista, o nível de absorção satisfatório é adquirido nas próprias atividades cotidianas, como caminhadas ao ar livre ou pelo ato de estender roupas no sol. "É o tempo suficiente para não ficar bronzeado, nem gerar vermelhidão. Ao chegar neste ponto, a vitamina D deixa de ser sintetizada."

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