Guilherme Dalla Barba/ SMELJ Curitiba
Foto de uma das edições do Dança Curitiba, mostra que reúne grupos de dança no Memorial de Curitiba (PR)
Dançar é uma forma de expressar sentimentos e também uma atividade física excelente para o corpo, exigindo autocontrole e percepção espacial, sem impor limite de idade a seus praticantes. "A prática da dança é, antes de tudo, uma experiência de aprendizagem. Sempre estamos atrás de objetivos de vida, estéticos, como mulher, como pais, e muitas das vezes a gente acaba perdendo a oportunidade de experimentar nosso próprio corpo", explica Patrícia Caetano, vice-coordenadora do curso de Dança da Universidade Federal do Ceará (UFC) e professora da pós-graduação em Artes (PPG-Artes) do Instituto de Cultura e Arte (ICA) dessa Universidade.
"Há um ritmo em tudo: como sentamos, levantamos, caminhamos, respiramos, e esse caminho de autoconhecimento leva a mudanças. São dores, tensões que estavam lá, mas não conhecíamos ou não sabíamos como combatê-las. Coisas muito simples que se perderam com o rolo compressor do cotidiano", reflete Patrícia.
Para os interessados em experimentar como a dança é capaz de nutrir corpos e mentes, as Revistas O POVO selecionaram, a partir de bate-papos com especialistas locais, quatro modalidades, das mais intensas as mais artísticas, para facilitar a escolha da que melhor se encaixa em cada perfil.
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Balé clássico, antiga expressão artística que segue encantando praticantes e plateias
Dança Clássica
Madiana Romcy, diretora e bailarina de escola homônima, no bairro Meireles, acredita na determinação que o balé clássico pode oferecer a seus praticantes. "Eu tenho colegas que foram alunas há bastante tempo e nos contam que trazem o balé todos os dias para sua vida, seja na maneira como educam seus filhos, organizam suas casas, se comportam no trabalho... Porque o balé ensina postura, disciplina, uma maneira mais elegante de se relacionar com as pessoas", define.
Outras vantagens são observadas no desenvolvimento de suas alunas, explica Madiana. "Tive aluna autista que seguiu conosco até o quarto ano, e outra com síndrome de down que chegou até o sexto. A limitação não foi um impedimento." Para os que possuem uma idade mais avançada e creem não serem capazes, Madiana explica que o sucesso está atrelado ao esforço. A escola oferece turmas para crianças, jovens e terceira idade. "Quem tem mais idade costuma procurar o balé por conta do relaxamento, dos alongamentos, mas também pelas amizades. Para quem deseja começar e acha que não consegue, eu costumo dizer 'Não custa tentar'."
Fernando Nobre / Ascom SEDUC-PA
Apresentação do Núcleo de Esporte e Lazer da Secretaria de Educação do Pará
Dança Moderna
"A dança moderna representou uma ruptura [em relação à dança clássica] e trouxe consigo uma visão de corpo diferente, um corpo que se emociona. E sua prática [dança moderna] faz com que a gente perceba outras coisas. Abra-se a uma visão de mundo mais ampla. Quando eu conheço meu corpo, libero meu corpo, posso conhecer melhor o do outro, passo a respeitá-lo", define Silvia Moura.
A trajetória da bailarina e coreógrafa ratifica sua expressividade: são mais de 40 anos de atuação e um nome ventilado para além das fronteiras cearenses. Silvia defende a prática da dança moderna como atividade transformadora, que deveria ser experimentada por todos, uma vez ao menos. "Todas as pessoas que começam a ter uma prática constante [da dança] passam a pensar na vida. Você se torna transformador diante do mundo. Conheço centenas de histórias de pessoas que mudaram, começaram a se entender melhor."
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Tango, modalidade de dança de salão latino-americana
Dança de Salão
Cleidson Diniz é professor de tango e proprietário da Bailando Escola de Dança, no bairro Benfica. A história de superação que enxerga hoje, em seus alunos de dança de salão - alguns "entrando na dança com sinais de depressão, e que experimentam a partir de então uma vida bem diferente" - foi antes vivenciada em sua própria vida. "Eu era uma pessoa tímida, de poucos amigos, até que o fim de um relacionamento levou-me a buscar a dança de salão. De um dia na semana, passei a frequentar todos. A dança de salão permitiu-me mudar de profissão e até conhecer minha esposa."
Praticada aos pares, a principal vantagem dessa dança é o relacionamento social conquistado, acredita Diniz. "As pessoas procuram-nos em busca de mais qualidade de vida e acabam adquirindo autoestima, postura, percepção corporal, sentido de pertencimento à sociedade. Ganham também habilidade social, já que você passa a interagir com mais pessoas. Melhora sua capacidade de comunicação. Como aluno, eu vivenciei tudo isso. Sou muito grato a tudo que a dança de salão fez pela minha vida."
Ricardo Bufolin/CBG/Fotospúblicas
Apresentação da ginasta Natália Gaudio durante os jogos olímpicos Rio 2016
Dança Rítmica
Um dos antebraços da criança Adriana* era mecânico, o que a impedia de fazer uma série de atividades típicas da idade. A limitação, no entanto, não impossibilitou a garota de cursar aulas de ginástica rítmica. "A menina começou a participar das aulas, e, em um campeonato, acabou logo na segunda colocação. Todas as outras crianças passaram a se espelhar nela", conta Evaldo Silva, professor de ginástica rítmica do BNB Clube, equipamento esportivo em Fortaleza.
Para o professor, o segredo do esporte está na estética dos seus movimentos. "O que geralmente traz as meninas aqui é a beleza que elas veem na televisão, na internet. Vejo o esporte como uma expressão artística, uma mistura do movimento físico com a beleza dos aparelhos que usamos", explica. Crianças podem iniciar a partir dos quatro ou cinco anos de idade.
*A pedido do professor, o nome real da criança não foi citado.