saúde 08/05/2018 - 23h19

Inteligência artificial: uma realidade para cirurgiões

Ferramentas semelhantes a videogames já ajudam médicos a treinarem para intervenções nos pacientes
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Adailma Mendes adailmamendes@opovo.com.br
Metamorworks / Getty Images

As cenas de robôs fazendo tarefas antes só executadas por seres humanos e mais máquinas e softwares atuando na coleta de dados já são realidade na área da saúde. No campo das cirurgias, algumas ações vêm oferecendo melhor treinamento aos profissionais a partir do uso de realidade virtual e de compartilhamento de experiências por rede internacional. "Vemos hoje algumas áreas da medicina já com inteligência artificial, com uma capacidade de resolução de casos complexos, especialmente em clínica médica e em radiologia, já com eficiência maior do que cirurgias humanas", declarou o médico Alexandre Sadao, cirurgião de coluna.

Em evento de apresentação do Johnson & Johnson Institute (JJI), em São Paulo, o ortopedista defendeu que não tem dúvidas de que o futuro caminha para o uso do máximo de apoio da inteligência artificial para a área médica e cirúrgica em particular. "Na minha área, já se vê robôs que são capazes de colocar um parafuso na coluna sozinhos." No entanto, ele defende que ainda não há uma substituição do contato interpessoal — médico e paciente — para a decisão de qual procedimento aplicar em cada caso e como. "A inteligência artificial evolui a passos muito largos, exponenciais, eu diria. Mas, nas próximas duas décadas, o papel do médico ainda será fundamental dentro do tratamento dos pacientes."

Para o Brasil, o especialista — integrante da equipe médica que operou o ex-goleiro Jackson Follman, vítima do acidente de avião com o time da Chapecoense — prevê uma implementação mais efetiva da inteligência artificial em dez anos. O que o especialista vê hoje ainda é um número muito pequeno de cirurgias minimamente invasivas. "Só 10% das minhas cirurgias são minimamente invasivas. Isso tem que ser ampliado e tem que ser feito por educação", completa.

Treinamento para cirurgiões
Dentro do que defende Sadao atua o JJI, criado em 1992 nos Estados Unidos para ensinar técnicas minimamente invasivas, que requerem o uso de novas tecnologias. Com chegada na América Latina a partir de São Paulo, em 2010, o Instituto conseguiu na AL, em 2017, treinar 25 mil profissionais.

No Nordeste, o braço do JJI se dá a partir de parceria com o Hospital das Clínicas de Pernambuco e centro de treinamento na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), inaugurado em 2014.

"Dentro da estratégia de educação, formar um ecossistema digital, com programas on-line, simulação e realidade virtual para treinamento cognitivo de procedimentos, e 'machine learning' para melhorar a formação dos profissionais de saúde é fundamental para a incorporação de novas tecnologias e evolução da medicina", contextualiza Elisabete Murata, líder de educação para América Latina da Johnson & Johnson. Em uma avaliação do Instituto, só são necessários hoje 18 meses para duplicar o conhecimento médico, o que requer uma corrida desenfreada por educação continuada. "Nosso mercado está mudando muito. Se você perguntar aos cirurgiões, eles dirão como tudo está diferente", fala Sandra Ramos, vice-presidente global de educação da Johnson & Johnson.

Relevância das cirurgias
A partir de estudos internacionais apresentados pelo Instituto, é possível ver as carências do mundo ligadas aos cuidados cirúrgicos. São cinco bilhões de pessoas sem acesso a esse tipo de procedimento e, ainda, com médicos cirurgiões não qualificados gerando três vezes mais complicações e cinco vezes mais mortalidade a partir das cirurgias frente a cirurgiões qualificados.

Como em videogame
Em São Paulo, o Johnson & Johson Institute apresentou, no final de abril, a ferramenta VR Attune, que possibilita treinar um cirurgião a partir de realidade virtual aumentada. Com o uso de um notebook, óculos de realidade virtual aumentada e manoplas — espécie de luvas — é possível simular estar realizando uma cirurgia de joelho, por exemplo.

*Repórter viajou a convite do JJI

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