Com o encontro marcado no apartamento da amiga e representante de suas joias em Fortaleza, Sara Philomeno Gomes, Letícia Linton nos recebeu enérgica como suas criações são para si e desejadas no mundo. Profissional vibrante, ela atrai por seu lado criativo com facilidade.

Paulista com ascendência libanesa, a designer tem sua história mixada com o colorido das pedras (e joias) que tanto a encanta e embelezam as famosas. É escolha em momentos especiais, como os de gala Brasil afora. Para a última edição do Globo de Ouro (2017), na Califórnia, vestiu Andrea Navedo, com anel de brilhantes e safiras e brincos de diamantes; e Anna Ivchenko, com um de seus anéis icônicos, para o after party da premiação.

Sua assinatura, graças a peças elegantes, com classe, mas, sobretudo, pelo fator “nada óbvio” que elas imprimem, acumula fama internacional. É que as iniciais do Letícia Linton Design (LLD) exportam joias com sex appeal.

Como acontece seu processo criativo?
A minha inspiração vem totalmente das pedras! Qualquer peça que eu crio, eu começo com as pedras. Mas é muito do que eu estou com vontade, do meu espírito do dia, das viagens, do que eu vejo e apreendo por aí. Curto muito mesmo a energia das pedras - a mistura de cores -, mas talvez as viagens... O designer, ele é mais sensível, então fica ligado em tudo. Desde o fato de simplesmente estar aqui, por exemplo – esse mar já me inspira –, e isso vai me levando. É esse mix, tem a ver com o meu estado, com a minha conexão com o momento, e a minha paixão pelas pedras.

Qual foi o start para esse apreço por joias?
Eu sou descendente de libanês também, então, desde criança, os meus presentes eram joias. Eu sempre amei! E, daí, comecei, no início, a representar [em 2002] dois joalheiros que eu comprava em São Paulo. Apresentava para as minhas amigas... Mas, de repente, me deu vontade de mudar uma coisa e outra, nas peças. Foi quando eu contratei um professor particular que é gemólogo da USP (Universidade de São Paulo) e ele me deu aula em casa, durante seis meses, estudando todas as pedras. Na época, também tinha uma professora de design, para eu poder me expressar, claro. Você quer criar, mas tem que “transpor” no papel, para que os seus ourives leiam, interpretem, e tudo seja realizado. Lancei coleção em 2004 – não lembro ao certo. (Risos). Depois também comecei a customizar. A minha filha trabalha comigo. Ela quem cuida do financeiro, da produção e também cria – nós criamos a quatro mãos.

Uma definição para joias Letícia Linton?
Letícia: As minhas joias são femininas, porém são fortes também. São mais para o glamuorosa assim, todas têm tipo um poder. Não é uma joia que passa “batida”. Então não é meiga, mas também não é aquela básica, só de brilhantes. Todas [as peças] têm que ter uma cor! Somos sensuais, mais para mulheres fortes. E todas são articuladas, têm movimento... Eu ouso! É uma joia mais ousada!

Única brasileira que vestiu atrizes no tapete vermelho do Oscar 2015, como nasce essa ‘relação’ entre estrelas como Jamie Chung e Dita Von Teese e suas joias?
Começou com a stylist de uma delas que estava no Brasil para fazer uma produção. Essa stylist, quando foi no meu escritório, amou as joias e logo me perguntou por que eu não estava em Los Angeles. Daí ela me contactou com a melhor “PR” [Relações Públicas, em português] que tem lá, que é quem atende as celebs. Marcamos a roomeeting, nos conhecemos – ela também adorou as peças - e me “pegou” como cliente. Então ela trabalha para mim, entre outros joalheiros “top” do mundo. Ela tem todos os stylists das celebs, da Demi Lovato, que já usou a minha joia, da Cate Blanchett. (...) Mas tem a Alessandra Ambrósio também. Eu fiquei superfeliz com o colar – lindo! - turquesa que ela já usou meu. É uma brasileira linda, que fotografa superbem.

Para a festa de lançamento de seu reality show, em Los Angeles, Caitlyn Jenner apostou em um anel by Leticia Linton. Enquanto a designer da joia, o que significou essa escolha?
Letícia: Que louco isso! Eu fico até arrepiada... (Risos). Ela é um ícone, então eu achei a escolha bárbara! Como eu, com as minhas joias, ela ousa também. Foi quando eu senti, mais uma vez, que eu estou no caminho certo. Agora eu quero a Oprah [Winfrey]! (Risos). Eu acho ela uma pessoa muito ligada ao espiritual, com uma energia muito humana, além de muito inteligente. Eu gosto desse perfil de mulher.

Em São Paulo, você apresentou sua atual primavera-verão. O que podemos nos apaixonar dessa nova collection?
Letícia: Tem o brinco que foi para o convite do lançamento... É uma peça bem fresh, agradável, com tons de pedras delícia. Cada peça tem o seu lado, a minha joia tem disso. Olha como ele é lindo [ fazendo questão de colocar um par de brincos]! É um brinco “gostoso”. Eu fiz três, quatro com esse movimento. Quando os meus fornecedores de pedras, daqui e de fora, me trazem todo o acervo, eu passo umas sete horas só observando, e vou muito do que tenho vontade. Eu estou, agora, no mood de rosa e esverdeado. Também um pouco do azul turquesa... Por quê? Não sei. Estou no espírito! (Risos).

Fala de energia das pedras como um direcionamento para suas criações. Quais mais te agradam, são fortes em seu trabalho.
A que tenho usado mais, ultimamente, é a esmeralda, mas também escolha as [turmalinas] paraíbas, as tanzanitas que eu amo demais. É uma pedra mágica, que só tem na Tanzânia, na África. Turquesas, você tem no Irã, no México, nos Estados Unidos, turmalinas, você tem no Brasil, na África, rubis, esmeraldas, você também tem em vários lugares, mas tanzanitas só em um no planeta terra, então é uma pedra única, que me atrai muito.

Por fim, seus projetos para o semestre e, já adiantando, suas expectativas e novidades para este ano?
Agora eu vou fazer uma coleção na Índia. Ficarei por lá uns 20 dias, sendo que uma parte desse tempo, durante quatro dias, eu farei a minha limpeza espiritual, cinco dias passeando e eu vou ficar nove, dez dias desenhando, junto também com um grande designer que já vestiu Michelle Obama, chamado Sutra. Nós vamos criar em seis mãos, eu, ele e a minha filha. Mas é tudo meio surpresa ainda. O plano é que a coleção seja lançada em dezembro, na Art Brazil, corra por Los Angeles em janeiro e fevereiro e só depois pelo Brasil.