Instrumento de memória de longas datas ou pedida certa para conquistar seguidas e curtidas em redes sociais, a fotografia vem passando por novos ciclos desde sua invenção, que ocorreu ainda no século XVII. Celebrada neste domingo, 19, quando é comemorado o Dia Mundial da Fotografia, ela teve sua produção popularizada, sobretudo, no final dos anos 1990, especialmente com a chegada da internet.
Professora e pesquisadora da área de Imagem e Comunicação Visual da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Elane Abreu defende que a fotografia em seu modo primitivo mantém-se ainda viva nos dias atuais. "A fotografia analógica – se é que esse é o qualitativo mais apropriado, pois a fotografia, de forma geral, trabalha com analogia – ainda resiste como proposta alternativa de se fazer fotografia. Há laboratórios, mesmo que raros, que funcionam com a revelação de negativos, bem como pessoas que montam seu laboratório particular em casa. Esta sobrevivência faz parte da escolha de fotógrafas e fotógrafos por processos criativos e estéticos mais experimentais e lentos quanto à produção das imagens, a exemplo da cianotipia e do marrom Van Dyke", diz.
Segundo Elane, essa manutenção da fotografia em formato físico não está desvinculada de processos digitais, uma vez que "muitas das imagens produzidas artesanalmente são posteriormente digitalizadas para serem exibidas ou compartilhadas."
Imagem e memória
Por tradição, a fotografia é utilizada em primeiro plano como registro e, consequentemente, dá-se a ela a tarefa de manter viva a memória social e a de demais relações interpessoais. Elane, contudo, avalia que a relação da fotografia com a memória tem se reconfigurado ao longo do tempo. "Não acredito no protagonismo da fotografia física em relação à "conservação" de um tempo de hoje. A prática de álbuns fotográficos impressos deu lugar a novas formas de organização e compartilhamento social das imagens, bem como a perdas e vazios nas narrativas dos indivíduos em meio ao acúmulo imagético produzido."
Ela acrescenta que, independente dos mais recentes formatos, a fotografia continua a proporcionar a atividade de memória. "Física ou não, a fotografia ainda é um meio e uma prática com a qual nossos dias são construídos. É um dispositivo que aciona por presenças e ausências. Portanto, uma sociedade, uma família, pratica hoje modos de narrar e de tornar memorável acontecimentos em que a fotografia está fortemente presente, junto ao corpo, nos celulares, montando um grande banco de dados visual, passível ou não de entrar para a história futura por alguns momentos eleitos."
Para curtir a data
Em Fortaleza, o Museu da Fotografia Fortaleza e o Espaço Cultural Unifor disponibilizam neste domingo, gratuitamente, mostras com visitação gratuita e aberta ao público. Confira.
Museu da Fotografia Fortaleza
Com exposições permanentes, compostas por acervo originário da Coleção Paula e Silvio Frota, e provisórias, o Museu da Fotografia Fortaleza possui oito mostras em cartaz: "Um Imaginário de Cidades", "Jogo de Olhares", "Nordeste" (créditos das três disponíveis no local), "Na Linha de Frente" (Mauricio Lima, André Liohn, Gabriel Chaim, Yan Boechat, João Castellano e Felipe Dana), "Luz e Sombra" (Christian Cravo), "Museu na Comunidade" (fotos oriundas de projeto homônimo e realizadas por crianças), "Sobre Crianças" (imagens também oriundas de projeto do Museu) e "O Norte e O Nordeste" (Chico Albuquerque, José Medeiros, Pierre Verger, Jean Manzon e Marcel Gautherot).
Serviço
Exposições em cartaz no Museu da Fotografia Fortaleza
Onde: Museu da Fotografia Fortaleza (Rua Frederico Borges, 545 - Varjota)
Quando: hoje, de meio-dia às 17 horas
Mais informações: 30173661 / museu@museudafotografia.com.br
*Acesso gratuito
Espaço Cultural Unifor
Até 24 de março de 2019, o Espaço Cultural Unifor segue com a exposição "Da Terra Brasilis à Aldeia Global" em cartaz. A visitação está consolidada em acervo de aproximadamente 300 obras. Em meio a rotogravuras, xilogravuras, entre outros formatos, destaque para fotografias (créditos das três disponíveis no local). Com curadoria de Denise Mattar, a mostra retrata os 518 anos do Brasil após a chegada dos portugueses ao País e faz um passeio pelos principais movimentos da arte brasileira, a exemplo das escolas Barroca, Concretista e Abstracionista.
Serviço
Exposição "Da Terra Brasilis à Aldeia Global"
Onde: Espaço Cultural Unifor (av. Washington Soares, 1321 - Edson Queiroz)
Quando: domingo, das 10 às 18 horas
Mais informações: (85) 3477.3319 / espacocultural@unifor.br
*Acesso gratuito
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