O cenário é comum em produções de suspense. O mundo está devastado após uma infecção e os sobreviventes precisam conseguir se manter vivos apesar dos riscos tanto da natureza quanto de outras pessoas. Em "Ao Cair da Noite”, drama apocalíptico lançado em 2017, o medo de contágio é o que move uma família a permanecer escondida no interior do Estados Unidos. Quando estranhos acabam entrando no cotidiano dos sobreviventes, a paranóia e a angústia tomam conta dos moradores.
Segundo longa da carreira de Trey Edward Shults, o longa traz Paul (Joel Edgerton), que junto à esposa e ao filho se mantém longe de outros sobreviventes. A infecção provoca uma espécie de gripe com muco escuro, acarretando em uma morte dolorosa. Quando Will (Christopher Abbott) chega com sua família, uma parceria se forma. Os novatos ganham a confiança da família e nutrem uma amizade, apesar dos tempos difíceis. As regras são simples: sempre estar acompanhado, manter a porta fechada e jamais sair à noite.
O clima amistoso dura pouco. Suspeitas começam a surgir e cada tosse fora de hora alimenta em Will a sensação de que os novos amigos podem estar carregando a doença. Junto a ele, o filho Travis (Kelvin Harrison Jr.), após testemunhar a morte do avô vítima da infecção, se torna uma pessoa traumatizada. Sonhos e alucinações são apresentados de forma constante para o espectador.
Eficiente ao criar um clima de suspense, "Ao Cair da Noite" não investe em sustos fáceis. Todo o potencial do filme está em mostrar como a paranoia pode devastar o cotidiano de uma família. Nesse aspecto, um dos subtextos claros da produção é o medo constante dos estadunidenses de invasores.
Assim como em "Krisha", seu longa de estreia, Shults investe em uma sensação de claustrofobia. Bem recebido pela crítica especializada e em festivais em 2017, "Ao Cair da Noite" chegou no mesmo ano ao catálogo da Netflix. Uma opção interessante para uma sexta-feira à noite.