O filme polonês "A Arte de Amar" – da diretora Sadowska e do roteirista Krzysztof Rak - é delicado e sensível ao tratar da descoberta da sexualidade pelas mulheres e do direito à mesma sem preconceitos. Da importância de se conhecer e conhecer o parceiro(a) para alimentar o amor a dois e o amor próprio. Baseado na história real da ginecologista polonesa Michalina Wislocka, que viveu de 1921 a 2005, a trama fala da luta por publicar um livro, com o mesmo nome do longa, da médica.
Toda a hipocrisia imposta pela igreja católica e pelo partido comunista na década de 1970, principalmente, é latente no filme. E, o mais interessante, mesmo tratando-se de uma história do século passado, a produção desnuda de forma muito didática como a repressão sexual é impactante à afirmação da mulher na sociedade em pé de igualdade com os homens. Como masturbar-se, alimentar a fantasia na cama com o outro e a liberdade de falar disso como parte da vida cotidiana permeia quase o filme todo.
A forma criativa de trabalhar o tempo, com idas e vindas na história da publicação do livro e na vida pessoal do centro da trama, de Michalina Wislocka, interpretada por Magdalena Boczarska, também merece destaque. Em uma frase dita pela protagonista, vem também o romantismo presente ao mostrar como a trajetória pessoal de cada um reflete nos trabalhos que desenvolvemos para a sociedade. "Um cego não escreve um livro sobre cores."
Wislocka reconheceu em sua vida o valor social, a superação de crises pessoais para levar à frente projetos relevantes, mesmo num cenário de dominação nazista, seguido de imposição comunista e católica sobre a intimidade. Disponível na Netflix, o filme merece atenção, não só pela discussão do respeito ao gênero feminino como pelo resgate de uma história pouco conhecida, mas revolucionária para a Polônia.
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