Na disputa mais acirrada desde o segundo turno das eleições presidenciais de 1989, Dilma Rousseff (PT) foi reeleita com 51,64% dos votos válidos, uma diferença de pouco mais de três pontos percentuais para o candidato derrotado Aécio Neves (PSDB). O resultado apertado coloca a petista diante de um desafio dos mais complexos: reunificar o País e garantir tranquilidade para os próximos quatro anos de mandato.
Em seu primeiro discurso após a confirmação da vitória, Dilma demonstrou consciência da missão que a espera, mesmo afirmando não acreditar que o Brasil esteja dividido. Vestida de branco e com a bandeira nacional sobre o púlpito, a presidente destacou a necessidade de unir a nação e fortalecer o diálogo com todos os setores da sociedade. “Conclamo, sem exceção, a todos os brasileiros e a todas as brasileiras em favor do futuro da nossa pátria”.
Outro sinal de que a presidente está atenta ao recado das urnas foi a mensagem de mudança destacada em sua fala. “Algumas vezes na história resultados apertados produziram reformas mais rápidas que vitórias muito amplas. Essa é a minha certeza do que vai acontecer no Brasil daqui pra frente”, afirmou a petista, destacando que será uma presidente “muito melhor do que foi agora”.
Aécio Neves, que conseguiu garantir a maior votação para o PSDB em toda sua história, também ressaltou que a meta número um do novo governo é reconciliar o País. “Considero que a maior de todas as prioridades deve ser unir o Brasil em torno de um projeto honrado e que dignifique a todos os brasileiros”, afirmou o tucano, que ficou à frente de Dilma em 11 estados mais o Distrito Federal. A petista sagrou-se vitoriosa nas outras 15 unidades da federação.
Federalismo em xeque?
Para o cientista político Josênio Parente, o resultado das urnas mostrou que o PT está longe de uma hegemonia política plena, ao mesmo tempo em que o PSDB, apesar das seguidas derrotas, é capaz de ressurgir e até ameaçar o atual projeto de poder. “Democracia é isso. É diversidade, uma realidade em que as diferenças devem ser representadas”, diz.
Também ressalta que o cenário de divisão nacional num contexto eleitoral não significa uma tendência de quebra do sistema federalista. “Por exemplo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso precisou do PFL (atual DEM), que era forte no Nordeste, para conseguir se eleger. Lula e Dilma precisaram do PMDB, que é forte em São Paulo. Na verdade, o papel do Nordeste dentro do federalismo é ser um contraponto no quadro geral do Brasil. É fazer os governos perceberem que o País não é apenas uma região determinada”.
Entre os desafios da próxima gestão, ele destaca a necessidade de uma profunda reforma política, além da construção de pontes de diálogo com a oposição e com a própria sociedade. “Dilma precisa se apresentar como um projeto para o todo o Brasil, e não para um partido. Isso já aconteceu no passado, mas precisa aparecer com mais força agora”, avalia.
Números
51,64% Foi o percentual de votos válidos da presidente Dilma Rousseff (PT), o que representa 54,4 milhões de eleitores
48,36% Foi o percentual de votos válidos do senador Aécio Neves (PSDB), o que representa 51,04 milhões de eleitores
Saiba mais
1. RESULTADOS ANTERIORES:
Este 2º turno foi o mais acirrado da história. Veja os resultados anteriores:
1989:
Collor: 53,03%Lula: 46,97%
2002:
Lula: 61.3%
Serra: 38,7%
2006:
Lula: 60,83%Alckmin: 39,17%
2010:
Dilma: 56,05%
Serra: 43,95%
2. OUTROS NÚMEROS DAS ELEIÇÕES 2014:
Abstenções: 30,1 milhões de eleitores (21,10%)Votos nulos: 5,2 milhões de eleitores (4,63%)
Votos em branco: 1,9 milhões de eleitores (1,71%)
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