Em Estado que já protagonizou ações como “Lula lá, Zé Airton cá” e com presidente pregando “voto casadinho”, campanha deste ano no Ceará se distanciou das anteriores por brecar influência nacional na disputa local. Movimentação de forças para o segundo turno, no entanto, já sinaliza que corrida pelo Planalto deve entrar de vez na sucessão estadual.

Surpreendida por um Aécio Neves (PSDB) em ascensão, Dilma Rousseff (PT) vive agora dilema que dificulta sua ausência do Ceará. Isso porque, enquanto Eunício Oliveira (PMDB) luta para manter neutralidade da petista na disputa, aliados de Aécio na coligação peemedebista seguem livres para fazer campanha para o tucano no Estado.

Neste sentido, se destaca aliança entre Eunício e Tasso Jereissati (PSDB). Aliado de primeira hora de Aécio e eleito com ampla maioria ao Senado, Tasso já planeja trazer o presidenciável tucano para o Ceará. “Vou cair de cabeça na campanha do Aécio”, diz.

Um possível avanço do PSDB no Ceará, Estado que deu grande vitória à Dilma no 1º turno, complica planos da petista em uma disputa que já começa acirrada.

Estratégias

Confirmado o resultado das urnas neste domingo, articuladores tanto de Camilo Santana (PT) quanto de Eunício Oliveira não perderam tempo. Enquanto petistas agendaram reunião amanhã para discutir eleição de Dilma Rousseff (PT) no Ceará, o próprio Eunício deve ir hoje à Capital Federal tratar do assunto.

 

“Vamos nos reunir nacionalmente na quarta de manhã, para maturar a disputa no País e definir as responsabilidades do PT em cada Estado. Nossa meta é ampliar votação da Dilma e cair em campo para o Camilo”, diz o deputado José Guimarães (PT), um dos principais articuladores da campanha de Camilo Santana.

Segundo ele, o partido ainda discute presença de Dilma no Estado, mas garante que a campanha cearense deverá investir na vinculação da petista com Camilo. Isso ocorreria principalmente com intenso uso do slogan “Dilma lá, Camilo cá”, a ser lançado nos próximos dias e usado na propaganda de TV do petista.

Mais cuidadoso, Camilo Santana afirmou que manterá no segundo turno mesma posição que vinha adotando no primeiro. Ele afirma, no entanto, que não deve cobrar da presidente no Estado. “O meu principal adversário dizia que votava nela, então não seria eu que criaria problema com a presidenta Dilma”, diz.

Eunício

Do lado da oposição, o coordenador da campanha de Eunício, Gaudêncio Lucena (PMDB), confirmou viagem do candidato hoje à Brasília. Conforme O POVO apurou, entre os assuntos estaria evitar interferência de Dilma Rousseff na eleição do Ceará.

 

“É provável que permaneça essa equidistância entre candidatos”, diz Gaudêncio. Ele minimiza ainda possíveis ações de Tasso com Aécio no Ceará. “O Tasso tem todo o direito, afinal eles são correligionários. No 1º turno o Aécio esteve aqui em Iguatu e Juazeiro, mas o Eunício segue com a Dilma”.

Na manhã de ontem, o PPS do Ceará, que apoiou Marina Silva (PSB) no 1º turno, anunciou que apoiará Aécio Neves no 2º turno.

Dilma

Ainda avalia se seguirá mesma estratégia do 1º turno, se ausentando do Ceará. Enquanto ela segue fora do Estado, aliados de Aécio coligados com Eunício fazem campanha para o tucano no Estado. Em 2º turno acirrado, manter vantagem no Ceará pode ser crucial para a petista

Aécio

Com aliados fortes no Estado, tem no Ceará a melhor oportunidade de reverter seu fraco desempenho no Nordeste. Neste sentido, deve voltar ao Ceará, buscando votos do senador aliado e de Marina Silva, que teve 35 mil votos a mais que ele em Fortaleza 

Camilo

Deve apostar em estratégia de aliar seu nome ao da petista, inclusive com slogan “Dilma lá, Camilo cá”. Principal cabo eleitoral de Camilo, Cid Gomes já afirmou que deverá brigar para conquistar eleitorado de Marina Silva. Conta ainda com influência de Guimarães com a petista

Eunício

Apesar de se dizer aliado de Dilma, abriga em sua base diversos políticos que irão pedir votos para Aécio Neves no segundo turno. Entre eles, o maior cabo de Aécio no Nordeste, Tasso Jereissati Deve tentar a todo custo evitar interferência da petista ou de Lula na disputa do Estado

 

Votação

1. Presidência

Dilma Rousseff (PT): 43.267.668 (41,59%)

Aécio Neves (PSDB): 34.897.211 (33,55%)

Marina Silva (PSB): 22.176.619 (21,32%)

Luciana Genro (Psol): 1.612.186 (1,55%)

 

2. Governo do Ceará

Camilo Santana (PT): 2.039.233 (47,81%)

Eunício Oliveira (PMDB): 1.979.499 (46,41%)

Eliane Novais (PSB): 144.507 (3,39%)

Ailton Lopes (Psol): 102.394 (2,40%)

3. Senado Federal

Tasso Jereissati (PSDB): 2.314.796 (57,91%)

Mauro Filho (Pros): 1.573.732 (39,37%)

Geovana Cartaxo (PSB): 66.895 (1,67%)

Raquel Dias (PSTU): 42.065 (1,05%)

4. Dados do Estado

Número total de eleitores: 6.268.909

Votos válidos governo: 4.265.633 (85,18%)

Votos nulos governo: 438.492 (8,76%)

Votos brancos governo: 303.440 (6,06%)

 

5. Quociente eleitoral

Votos necessários para eleger um deputado estadual: 96.946

Votos necessários para eleger um deputado federal: 198.500