O Tasso Jereissati (PSDB) eleito senador é um político bem diferente do que o cearense conhecia até sua derrota quatro anos atrás. Não se trata de uma mudança no posicionamento ideológico, mas em sua postura política.
Tasso construiu uma história de vitórias. Venceu em 1987; fez o sucessor, Ciro Gomes; retornou ao Governo e se reelegeu com facilidade. Foi eleito senador sem fazer muito esforço. Acostumou-se a ouvir frases grandiloquentes – “o maior político vivo da história do Ceará”, já disse Cid Gomes. Transformou-se em um mito vivo, uma espécie de Antonio Carlos Magalhães cearense.
Mas a vitória, já dizia o jornalista Mário Filho, irmão de Nelson Rodrigues, é uma espécie de doença que só a derrota cura. Hoje, olhando em retrospecto, é difícil entender como um político experiente arriscou-se a entrar na disputa de 2010, contra um presidente da República extremamente popular, o governador do Estado e a prefeita de Fortaleza, e sem ter ao seu lado um candidato forte e nem ao mesmo uma estrutura partidária sólida.
Tasso, o político, parece ter acreditado no mito Tasso. Sua derrota foi, de longe, o fato mais importante daquele ano – muito mais que a reeleição do governador Cid Gomes. Para quem acostumou-se a colecionar vitórias, não deve ter sido um resultado fácil de digerir.
O que se viu agora foi um Tasso bem diferente. A começar pela participação em debates e entrevistas e na forma como passou a trabalhar com grupos tradicionalmente resistentes ao seu nome (jovens e eleitores de Fortaleza, por exemplo).
No seu último programa, não houve um pedido de voto, apenas o agradecimento do candidato.
O mito não estava mais lá. A questão, a partir de agora, é outra. Se Tasso candidato aprendeu e mudou com a derrota, como agirá, a partir de agora, o Tasso senador?
Por fim, um registro necessário. Apesar da vitória de ponta a ponta, a vantagem do tucano foi bem menor do que apontavam as pesquisas de opinião – 72% no Datafolha e 68% no Ibope (o tucano obteve 57% ao final da apuração). Uma hipótese a ser avaliada está relacionada aos 12% de eleitores que, na véspera, continuavam indecisos. Neste sentido, a votação de Mauro Filho mostra que Tasso estava certo em não subestimar as resistências ao seu nome.
Erick Guimarães, 39, é jornalista e diretor-adjunto de redação do O POVO
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