Novas construções ou grandes reformas realizadas em Fortaleza que adotem em todas as etapas do projeto boas práticas socioambientais que reduzam o desperdício de recursos naturais, privilegie a boa convivência com o espaço público e tenham ações focadas na sustentabilidade poderão receber da Prefeitura de Fortaleza o selo Fator Verde. A certificação ambiental foi lançada esta semana com o objetivo de estimular a melhoria dos índices de sustentabilidade de construções e da qualidade de vida urbana.

A certificação será concedida pela Prefeitura em quatro níveis: bronze, prata, ouro e diamante, de acordo com a quantidade de medidas empregadas na edificação. Ao todo, são avaliados 45 critérios, sendo 12 obrigatórios e 33 opcionais, distribuídos em seis grandes áreas: Cidade Sustentável, Hídrico, Ambiente Saudável, Energético, Materiais e Resíduos e Social.

Na prática, contam pontos a favor medidas como o uso de fontes de energia renovável no projeto, mecanismos de reúso de água, ampliação da cobertura de vegetação, reaproveitamento dos resíduos, controle da poluição, o incentivo à mobilidade urbana como a instalação de bicicletários nos edifícios, ou ainda gentilezas urbanas como a adoção de parques e praças verdes ou a instalação de parklets (mini praças onde antes eram vagas de estacionamentos para carros).

A adesão ao programa é voluntária e inicialmente voltada para a construção civil, mas a ideia da Prefeitura é expandi-lo também para outras atividades. De acordo com a secretária de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza, Águeda Muniz, a expectativa é de que em cinco anos pelo menos 10% dos processos de licenciamento já busquem o Fator Verde.

“A Certificação servirá, primordialmente, para a redução dos processos de degradação dos recursos naturais, servindo como ferramenta para o Licenciamento no Município de Fortaleza e atendendo à crescente demanda da construção civil em estimular o processo de construção sustentável”.

Ela explica que a certificação não garante às empresas participantes benefícios fiscais ou tributários, mas será fundamental para estabelecer diretrizes, parâmetros e métodos sustentáveis e maximizar a contribuição das construções sustentáveis na qualidade de vida e sustentabilidade do Município. Além de favorecer a valorização dos projetos em diversas instâncias: paisagística, urbanística, funcional, ambiental, cultural, estética e econômica.

“O programa de certificação se configura como alternativa para estimular cada vez mais o desenvolvimento urbano, porém, de maneira efetivamente sustentável e responsável com a melhoria da qualidade de vida de todos os fortalezenses”.

Competitividade para as empresas

O membro da Comissão de Meio Ambiente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon), Alexandre Mourão, explica que muitas destas medidas já vêm sendo adotadas como fator de competitividade pelas empresas, que vêm investindo em projetos que economizem energia, com mais áreas verdes, com a adoção de novos materiais que reduzam o impacto ao meio ambiente e reduzam o desperdício, mas que a certificação vem para estimular novas  alternativas.

“O setor vê com bons olhos esta iniciativa, queria muito que tivesse uma certificação de nível local para que a gente pudesse caminhar no sentido de fazer a sustentabilidade nas nossas construções”.

Ele destaca que esta é uma relação em que todos ganham. “Os benefícios são gigantescos e para todos. Significa ter um imóvel com maior valor agregado, significa que se está retirando menos da natureza, se está gastando menos energia e está contribuindo para a geração de conhecimento”.

O presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Ceará (Asbea), Luciano Ramos, ressalta que a forma como a empresa se posiciona em relação à sustentabilidade é um valor que pode fazer a diferença no mercado. “O consumidor está atento, a sociedade precisa de soluções para reduzir os impactos ambientais. O mundo inteiro discute isso hoje”.

"Os benefícios são gigantescos e para todos. Significa er um imóvel com maior valor agregado, significa que se está retirando menos da natureza, se está gastando menos nergia e está contribuindo para a geração de conhecimento"