05/08/2015

Furto ao Banco Central: O silêncio de Boa Viagem

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Boa Viagem, no Sertão Central do Ceará, parece uma cidade que deve seu crescimento somente ao tempo, assim como qualquer outra do Interior. Quem já conta dez anos (ou mais) por lá garante que muito mudou nesta última década. Dez anos atrás, em Fortaleza, a 221 quilômetros dali, o cofre do Banco Central perdeu R$ 164 milhões para um grupo de homens através de um túnel. Do município no Sertão Central, foram condenados pelo menos 30 dos envolvidos - diretamente com o furto ou com a lavagem do dinheiro, em seguida.

 

“A gente sabe que muita gente enricou por causa disso, mas quem não tem nada a ver não fala nada”, é a declaração assustada de uma moradora do município, quando O POVO pergunta como é o clima da cidade nestes últimos dez anos. “Não quero falar porque dizem que, em cada esquina, tem algum ouvinte deles”, ela fala, baixando o tom. Segundo a mulher, Boa Viagem é uma terra de medo desde que as notas de R$ 50 saíram do caixa-forte. “E eu tenho mais medo dessa gente que do cão”, sentencia.


Este terror, porém, parece se esvair quando a pergunta é feita longe do centro da sede municipal. “Falaram muito (do furto) na época, mas hoje é tudo normal”, é o que observa o frentista de um posto quase na saída para Fortaleza. Ele conta que filho, filha, irmã de Antônio Jussivan dos Santos, conhecido como Alemão e condenado como mandante do crime, todos trabalham e passeiam como se o roubo não tivesse nada a ver com a cidade. “Boa Viagem é assim mesmo: o pessoal fala por uma semana, duas, depois esquece de tudo”, é a análise de outra mulher, que também não encomprida conversa.


Por indicação de um primo “terceiro ou quarto” - “é parente distante, mas, no Interior, todo mundo é da mesma família”, ele brinca - O POVO chegou a uma parente de Alemão. “Mas não digam que eu indiquei, porque pode ser chato”, ele pediu. A moça, entretanto, não quis conceder entrevista. “A gente não quer se envolver justamente porque (a pena) já está na reta final”, foi a alegação que deu. Outros parentes também não falariam, segundo ela.


Somente quem poderia querer falar, ela indica, seria a mulher de Alemão, que se divide entre Fortaleza, Boa Viagem e São Paulo. “Não custa nada tentar, né?”, foi o que disse a moça quando se convenceu a passar o contato. Ao longo das duas últimas semanas, O POVO tentou falar com ela, mas nenhum dos telefonemas foi atendido. “Até o Gugu foi atrás de fazer uma matéria com ele, e ele não quis, porque, quando ele aparece na televisão, tudo se complica. Já não é fácil para ele”, a parente justifica o silêncio da família. (Mariana Freire/Enviada a Boa Viagem)


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