banco central. o furto que não acabou 05/08/2015

Furto ao Banco Central: Um quilo de liga

Audios e documentos inéditos revelam as falhas da quadrilha
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Cláudio Ribeiro claudioribeiro@opovo.com.br
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Demitri Túlio demitri@opovo.com.br

Surpresa evidente naquela ligação que recebia do marido.

- Um quilo de liga?

Era um pedido esquisito. O cearense Antônio Edimar Bezerra telefonou para a mulher, cheio de cautela, para dizer que ela comprasse “dessas liguinhas de amarrar... papel”. Só que seria mesmo para segurar dinheiro. Literalmente, um monte. E que comprasse também um caderno, para anotar a divisão. A dinheirama era tanta que o problema do bando estava sendo arranjar mais liga para fazer a partilha.

 

Para a chamada, Edimar usou um celular até então desconhecido da Polícia Federal. Ele teve o cuidado, nos dias de fuga, de sempre falar de um aparelho que não fosse seu habitual. A mulher teria que comprar a liga e deixar a encomenda na portaria da casa. Nem precisaria entrar. O POVO não publica o nome dela por não ter sido denunciada no processo.

- Fia, é responsa.

Edimar deu a missão, mas azar o dele que o celular da mulher, apesar das precauções, estivesse monitorado pelos federais havia vários dias. Mais 12 números, em nome do próprio Edimar e de outros familiares seus, habilitados no Ceará e em São Paulo, vinham sendo escutados. Depois da conversa para que a mulher comprasse as ligas, Edimar foi preso poucas horas depois.


A escuta foi registrada às 16h11 do dia 27/9/2005. A encomenda das ligas não pôde ser entregue. No dia seguinte, Edimar e mais quatro homens (Marcos Ribeiro Suppi, Flávio Augusto Mattioli, Marcos de França e Davi Silvano da Silva, o “Véio Davi”) foram presos e apresentados pela PF como acusados pelo furto ao Banco Central de Fortaleza. Eram cavadores do túnel feito pela quadrilha. Véio Davi foi um dos chefes da escavação. O crime hoje completa exatos dez anos.


O imóvel, no bairro Mondubim, era a própria casa de Edimar. Lá estavam R$ 12,2 milhões. Tudo em cédulas de 50 reais, algumas já reservadas em sacolas de feira e outra parte escondida em compartimentos debaixo de armários ou em buracos no piso. Numa outra ligação, ainda antes da prisão, Edimar reforçou para que, junto com as ligas, a mulher também comprasse talco. O pó facilitaria na contagem das notas.


Até o dia 18 de outubro de 2005, a PF já contabilizava mais de 130 mil áudios da quadrilha. Eram ainda pouco mais de 70 dias desde a descoberta do furto. Nos cinco anos que duraram a investigação, o delegado federal Antônio Celso dos Santos, que chefiou o trabalho, disse nem saber o quanto precisou ouvir. “Acredito que foram milhares de horas de coisa que a gente ouviu e também teve milhares de coisas que não interessavam”, admite.


Na euforia por gastar logo a parte que lhes coubesse do furto milionário, alguns do grupo falavam demais ao telefone - e nem sabia que já estavam grampeados. O paulista Anselmo Oliveira Magalhães, o Cebola, era um desses.


Ansioso, Cebola ligou para o amigo “Alemão” (o paulista Márcio Markoski) - que tinha o mesmo apelido do chefe da quadrilha, o cearense Antônio Jussivan Alves dos Santos. Queria extravasar e torrar o dinheiro alheio. “Tô tentando me segurar, mas tá foda (...) Porque vou comprar, porra”.


Cebola foi preso em novembro de 2006 e, por habeas corpus, solto no mês seguinte. No dia 20 de janeiro de 2007, Cebola, Markoski e mais um amigo deles foram encontrados mortos dentro de um poço em Arujá (SP). Sofreram tortura. Teriam sido extorquidos por policiais. Nenhum responsável pelo triplo homicídio foi preso.

 

A PARTILHA

Antônio Edimar Bezerra ofereceu a própria casa, no Mondubim, para que integrantes da quadrilha dividissem parte do dinheiro furtado. No local, no dia 28/9/2005, a PF encontrou R$ 12,2 milhões. A caixa-forte do Banco Central de Fortaleza foi invadida na noite de 5/8/2005, há exatos dez anos. Nas primeiras horas do dia 6, o grupo fugiu levando R$ 164.755.150,00.

 

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