Isabel Costa
ENVIADA A ITAITINGA
isabelcosta@opovo.com.br
Rebeliões em sequência, mortes, protestos e confrontos sacudiram o sistema prisional cearense, ao longo das cerca de 17 horas que durou a greve dos agentes prisionais. A paralisação começou à meia-noite de sábado e durou até o fim da tarde, quando foi feito acordo com o Governo do Estado.
A turbulência se estendeu até depois do fim da greve, com o retorno dos agentes e a tentativa dos policiais de retomarem os presídios.
O número de mortes era incerto até as 22h30min de ontem. A Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) confirmava duas, na Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL) 3, em Itaitinga. Membros do Ministério Público Estadual (MPCE) informaram haver ao menos quatro. Fontes da Perícia Forense chegaram a falar em oito. Como a vistoria ainda estava em andamento, não estava descartado que o número pudesse subir.
Na noite de ontem, em frente à CPPL 3, O POVO constatou a presença de pelo menos três rabecões. Na noite de ontem, dois corpos haviam chegado à Perícia Forense vindos da CPPL3. Ambos carbonizados e irreconhecíveis. Possíveis parentes estavam no local para reconhecimento, mas seria necessário exame de DNA.
O Batalhão de Choque (BPChoque) permaneceu na área externa ao longo do dia e, com o fim da greve, começou a entrar nas penitenciárias. Em Itaitinga, do lado de fora, era possível escutar estrondos de bombas e tiros vindos do lado de dentro.
Por volta das 21 horas de ontem, era grande a aglomeração de familiares em frente à CPPL 3, à espera de notícias. Muitos chegaram ao longo da tarde, em busca de informações. Havia pessoas chorando. Outras passaram mal. Correntes de oração foram feitas. Era intenso o entra e sai de carros da Polícia, motos, cavalaria e veículos do governo.
Sem visitas
A tensão já vinha desde o início da greve, à meia-noite, e se agravou quando familiares de detentos foram impedidos de entrar no horário de visita das unidades do Complexo Itaitinga, Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa e na unidade da Caucaia, conhecida como Carrapicho.
Familiares relataram que chegou a ser usado spray de pimenta contra eles. Diante da proibição das visitas, detentos começaram a quebrar as celas e provocar incêndios. Parente que aguardavam do lado de fora atearam fogo em pneus na BR-116 e causaram engarrafamento durante todo o dia.
O Sindicato dos Agentes e Servidores Públicos do Sistema Penitenciário (Sindasp-CE) informou ter havido queima de colchões e grades arrancadas. Foram registrados incêndios pelo menos nas CPPLs 1, 2 e 4, em Itaitinga. No Interior, os agentes pararam em 53 cadeias públicas, mas os danos ainda não haviam sido contabilizados. (Colaboraram Beatriz Cavalcante e Carlos Mazza).
Números
6
presídios da RMF tiveram tumulto.
Incêndios, portas quebradas, colchões queimados, ameaças de invasão ao pavilhão dos estupradores e morte de presos foram registrados nas casas de privação
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