Reportagem.dom 24/04/2016

Limite de dados. Por que as empresas querem impor limite ao consumo de internet?

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Dentre os principais argumentos das operadoras que adotam o modelo franquias - chancelado pelo presidente da Anatel, João Rezende, que chegou a declarar que a era da internet ilimitada no Brasil acabou - é de que se o tráfego de dados continuar crescendo a esta velocidade, a malha física que o Brasil tem não suportaria a demanda. Por isso, esta readequação seria necessária para equilibrar a demanda, equalizar custos e garantir a qualidade do serviço.


“O setor de telecomunicações no Brasil foi privatizado e não investiram em infraestrutura. Comprar dados no atacado ainda é muito caro. Então, esta argumentação faz sentido realmente, mas tem também a questão de lucro e da concorrência com as TVs por assinatura, o acesso a serviços de streaming se popularizou muito no Brasil”, disse o consultor Pedro Prudêncio.


O diretor de Segurança da Informação da Empresa de Tecnologia da Informação Ceará (Etice), Pablo Ximenes, defende, no entanto, que alternativas são possíveis. E dá como exemplo o projeto Cinturão Digital implementado no Ceará que permite que empresas privadas comprem o excedente de dados da rede de fibra óptica do Estado. Segundo ele, por conta do projeto, que oferece internet de alta velocidade (quase 300GB/s), as empresas têm a infraestrutura necessária para manter seus negócios, sem ter que contingenciar o consumo de dados.


“Isto explica, por exemplo, porque as empresas do consórcio BWM (Brisanet, Wirelink e Mob Telecom) já anunciaram que não pretendem limitar o uso. O Governo do Ceará investiu em infraestrutura importante de fibra óptica que está gerando resultados claros e evidentes ao cidadão cearense, pois ficam protegidos de variação de mercado como estas”.


O professor do grupo de pesquisas em telecomunicações da UFC, Rodrigo Cavalcanti, explica que em outros países, como EUA e Inglaterra, muitas operadoras adotam a limitação, a diferença, no entanto, é que no Brasil já se paga muito caro, por uma velocidade não tão elevada. “A qualidade ainda deixa muito a desejar”.


Reação

Em reação a este movimento das operadoras, algumas medidas já começaram a ser tomadas em sentido mais amplo. Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) e o Ministério Público Federal (MPF) já enviaram questionamentos tanto às operadoras, quanto à Anatel, em relação à legalidade desta suspensão.

 

Pela internet, já circulam petições online contra o limite de dados, como a da Avaz que atingiu mais de 600 mil assinaturas, e a página no Facebook chamada Movimento Internet sem Limites, até a última sexta-feira, dia 22, já tinha com mais de 464,7 mil seguidores.


Um protesto também é organizado para o dia 29 de maio, em frente à sede da Anatel em Fortaleza. “Se depender do presidente da Anatel, já sabemos onde tudo isso vai parar. Não podemos ficar parados”, alegou o youtuber Thales Wylmar, um dos organizadores do evento. (Irna Cavalcante)

 

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