Aguanambi.282.dom 17/04/2016

Roberto Jefferson."Dilma é a matriarca da quadrilha", critica Roberto Jefferson

Condenado do Mensalão diz acreditar que a presidente é honesta, mas cometeu erro ao se cercar de "bandidos" e "pecar por omissão"
notícia 21 comentários
VANESSA CARVALHO/FOLHAPRESS
Roberto Jefferson diz manter esperança de que a saída de Dilma resolva crise "política e moral" que o País atravessa

Reconduzido à presidência nacional do PTB após ter crimes cometidos no esquema do Mensalão perdoados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Roberto Jefferson conversou com O POVO.Dom sobre processo do impeachment de Dilma Rousseff (PT) em curso no País.

Acusou a presidente de acobertar crimes de aliados, pincelou críticas ao ex-presidente Lula, maldisse o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – embora tenha reafirmado sua legitimidade de conduzir o processo –, elogiou o vice Michel Temer (PMDB) e o juiz responsável pela Lava-Jato Sérgio Moro.

O discurso afiado e bem humorado, metafórico e por vezes irônico, é de quem experimenta a liberdade que, até março deste ano, não tinha de falar sobre política. Jefferson diz manter esperança de que a saída de Dilma resolva crime “política e moral” pelo qual o País atravessa. E brinca: Curitiba vai ter de construir mais prisões para acolher todos os envolvidos no Petrolão.

Por que o impeachment é o melhor para o País?
Eu entendo que o impeachment é a melhor saída porque coloca um ponto final à crise política e à crise moral que se originou da eleição da presidente Dilma pra esse mandato que começou no ano 2015. A eleição de 2014 foi construída na fraude, na mentira. Ela inclusive fez a pedalada fiscal que socorreu usando recursos do Banco do Brasil e da caixa econômica federal pra financiar o tesouro nacional, o que é absolutamente vedado pela lei de responsabilidade fiscal. Ela infringiu a lei para não deixar transparecer à opinião pública, ao eleitorado de 2014, que havia um grande déficit fiscal que ela tinha um buraco orçamentário por uma gestão equivocada. Porque isso desacreditaria a grande gerente Dilma Rousseff que voltava pra tentar um novo mandato, houve incompetência pela oposição que não identificou aquela manobra feita no orçamento com apoio dos bacos pra suprir esse dinheiro que o tesouro não podia pagar. A oposição não teve informações, houve um erro de vigilância, mas um gravíssimo erro de crime administrativo praticado pelo governo. É uma coisa técnica, chata para se colocar para a opinião pública, mas a lei é a lei, você não tem mais ou menos ladrão, mais ou menos assassino, mais ou menos estelionatário. Ou é estelionatário ou não é, ou é ladrão ou não é, ou é assassinou ou não é. A presidente cometeu um crime em relação ao orçamento.

O senhor realmente acredita que com a saída dela toda essa crise acaba?
Ela vai se reduzir muito, crise nunca acaba, olha o mundo. A América está em crise eleitoral, você tem o Trump, duríssimo, até com preconceito contra latinos, homossexuais, negros... A crise não se encerra nunca porque as relações humanas são baseadas nos afetos e há crise até dentro da casa da gente: hoje a gente dorme bem com a mulher, abraça, beija, amanhã ela, até por uma mensagem que interprete como sendo de alguém, de uma mulher mais atirada, já dá uma crise. Nunca há uma paz absoluta, só no céu acabar completamente não, mas vai se reduzir em 80% a crise politica e moral que o País vive.

O Temer assumir seria uma boa saída?
Ele é um excelente nome, ele é tão bom que o PT escolheu o presidente Temer pra ser vice. Se ele não fosse tão bom, o Lula, a dona Dilma, que são os caras que sabem de tudo, o (Aloizio) Mercadante, o Jaques Wagner, o (José Eduardo) Cardozo... Imagina se esse monte de sabidos escolheria o Temer se ele não fosse bom. Então o Temer é um cara bom, capaz de agregar, unir, superar essa crise. O Temer não ameaça ninguém com exército vermelho, ele não faz um troço desses. Ele quer construir unindo, participando, superando as crises, sempre com sentimento de conforto, família, compreensão, tolerância e respeito. Sempre foi a maneira do Temer presidir. Eu fui deputado federal na época dele, o Temer presidiu por duas vezes a Câmara dos Deputados. Sempre presidiu respeitando todas as tendências, não vai mudar aos 75 anos. Ele quer aceitar pra poder passar definitivamente para a história, para coroar a carreira dele.

O senhor foi reconduzido ao cargo de presidente do PTB. Qual o futuro da sigla em um governo Dilma, caso ela permaneça, ou em um governo Temer?
Em um governo Dilma nós vamos levar o PTB para a oposição. Uma oposição respeitosa, como é hoje, uma oposição serena. Nós não queremos confrontar pessoalmente a presidente da República, enfrentar o governo, a proposta econômica propagada, essa ameaça aí de uma ditadura sindicalista que quem impor ao País, essa troca da cor da nossa bandeira verde e amarela para a vermelho nós vamos enfrentar. Nós não somos socialistas, nós não temos essa denominação socialista, somos nacionalistas, patriotas, brasileiros. Acreditamos no trabalho, acreditamos no emprego, mas acreditamos no empregador. Um país de burocratas partidários, um partido só, um partido único, nós não acreditamos nisso, não. Se a Dilma sobreviver ao impeachment, vamos fazer uma oposição respeitosa; se der o Temer nós vamos apoiá-lo nessa difícil transição para a democracia e para a liberdade de expressão.

Por que o mensalão não derrubou o Lula, mas o Petrolão pode derrubar a Dilma, indiretamente?
O mensalão era muito menor em nível de valores. No final se apurou que no mensalão em torno de R$ 120 milhões. Só Pasadena na Petrobras é um rombo de um bilhão de dólares, são R$ 4 bilhões. Só um negocinho que o PT fez. O rombo da Petrobras está em torno de R$ 80 bilhões, dos fundos de pensão em torno de R$ 120 bilhões. Os números do PT são estratosféricos no Petrolão. No mensalão só havia um operador que é o Marcos Valério, no Petrolão tem tanto operador que eu acho que lá no Paraná vão ter de construir novas cadeias para poder abrigar tanta gente que está sendo presa. Vai muita gente ser presa ainda e da elite empresarial, política e burocrata do País.

O Lula não foi preso na época, mas ele pode cair agora com o Petrolão?
Eu não tenho dúvidas de que a Dilma sendo “impichada”, e Lula perdendo completamente a condição de ministro, ele voltando a ser um cidadão comum, vai ser difícil ele escapar do Moro.

Ainda fazendo uma comparação a esses dois processos, houve um momento em que começaram a comparar o Delcídio do Amaral com o senhor, o que o senhor acha?
Ele caminhou pelo caminho da delação premiada, eu fiz denúncia. Eu não fiz uma negociação para redução de pena ou não ser preso, fiz uma denúncia à imprensa e depois fui para o enfrentamento na tribuna do Congresso, eu era sozinho e não tive apoio sequer da maioria dos meus companheiros de partido. Eu não fiz delação, fui condenado a mais tempo que o Delúbio e o Genuíno que eram os chefes do mensalão junto com o marcos valerio. Por isso vejo distinção entre mim e o delcídio, ele fez uma delação legal, aportada no MP, para redução de pena. Eu fiz uma denúncia pública e enfrentei as consequências das minhas atitudes.

O que o senhor acha das delações?
É um instrumento legal. Você não enfrenta a elite econômica do País sem a delação premiada. Ou é um enfrentamento kamikase como eu fiz, ou é a delação premiada. Você não enfrenta as maiores estatais do Brasil, a maior empresa da América Latina que é a Petrobras, e as maiores paraestatais que são essas empreiteiras, que são as empresas nacionais mais poderosas, esses grupos, essas organizações criminosas – porque essas empresas pelo que estamos vendo são organizações criminosas poderosíssimas – você não enfrenta esse grupo criminoso milionário sem delação premiada. Só com delação premiada. Na época da Ditadura, você fazia os paus de arara e os choques. Mas agora que não tendo isso você vai ter que fazer as delações para descobrir esse grupo criminoso que vem assaltando o País.

O senhor acredita que o Cunha tem letigimidade para conduzir esse processo?
Ele tem legitimidade, sim, é o presidente eleito da Câmara que está conduzindo esse processo dentro do que prega a Constituição brasileira, o regimento interno da Câmara, legislação processual do Brasil. Ele é tão legitimo como a Dilma. Ela chegou ao governo mentindo, manipulando orçamento, se associando ao pior tipo de gente para receber dinheiro de caixa dois, de financiamento de empreiteiras que assaltavam a Petrobras para encher o João Santana que está na cadeia para ganhar eleições. Negar legitimidade ao Cunha para dizer que ela é legitima... Ela tem a mesma legitimidade, a mesma qualidade moral, a mesma qualidade estrutural que tem o Eduardo Cunha. Não vejo diferença entre os dois. E em relação ao Lula, ele tem a mesma qualidade moral, política de cunha. Eles se merecem, estão no mesmo padrão e na mesma altura.

O que o senhor acha do Sérgio Moro?
Um grnade homem. Não acho que ele seja herói, é que nós temos essa mania de enxergar numa autoridade que cumpra a lei atos de heroísmo. A lei foi tão “achincalhada” pelo PT nesses últimos anos de governo do Lula e da Dilma que todo aquele que trabalha em prol da lei de repente vira herói. O Joaquim Barbosa foi herói também, o herói do Mensalão. O sérgio Moro lá no Paraná, calmo, não se expõe tanto como o Barbosa. O Moro faz a coisa sereno, sem dar entrevista para a imprensa, sem as luzes da televisão, é um grande juiz. Ele e o grupo do Ministério Público que está em torno dele e os delegados que apuram essa fraude, esse roubo.

O senhor acha que a Dilma tem culpa no cartório, no caso dos escândalos da Petrobras?

Quando eu era menino lia o gibi do Tio Patinhas e tinha lá o João Bafo de Onça e quadrilha dele. A mãe daquele grupo de assaltantes não aparecia, mas certamente ela não ia dizer que os filhos eram bandidos. A tendencia da mãe é sempre proteger os filhos, botar panos quentes, a matriarca sempre faz isso. E ela (Dilma) faz isso. Ela é a matriarca da quadrilha, ela procura proteger aquele bando da organização criminosa que assalta em torno dela. Ela não pode em hipóteses nenhuma dizer: ‘Olha aqui os erros do Lula!’. Ela é até honesta, mas se envolveu com gente que honestidade não tem. E ela não pode romper denunciando porque ficaria uma coisa horrorosa. Eu sinto que o papel dela é muito difícil, ela vive entre a cruz e a espada, mas o Brasil não pode mais viver essa crise de consciência pela qual passa a nossa presidente. Apesar de eu achar que ela não meteu a mão no caixa, mas ela pecou por omissão.

 

“O Brasil não pode mais viver essa crise de consciência pela qual passa a nossa presidente. Apesar de eu achar que ela não meteu a mão no caixa, mas ela pecou por omissão”.


Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB

espaço do leitor
Célio Saraiva 24/04/2016 12:49
Regis, você disse tudo que eu queria dizer, completando suas palavras, acho que Dilma saindo, realmente será mais uma página em nossa história brasileira que escreveremos para que o Brasil volte a crescer e gerar empregos novamente e, tenha credibilidade internacional abrindo espaços para os investimentos.
Hilario Torquato 24/04/2016 09:42
Com a estadia que teve (se é que esteve mesmo) no presidio, deve ter aumentado seu circulo de amizade. Pensava que estava de repouso em uma Clinica piquiatrica.
Ademir Oliveira Silva 22/04/2016 16:24
Roberto Jefferson conhece os bandidos, sabe quem é Lulalau, Dilmalaca e Cunhão.
Regis 22/04/2016 09:07
Mas o Roberto esta na TV falando como SALVADOR NA PÁTRIA, Ele fala que estar voltando, primeiro vai virar PAPA, depois PRESIDENTE DA REPUBLICA, O VICE DEVE SER O CUNHA, E O PRIMEIRO MINISTRO O BOLSONARO, Com certeza tem muita gente aplaudindo, e a falta de informação. DEUS SALVE A PÁTRIA BRASILEIRA, pois o POVO, além da ignorância, não lembra de nada, claro com apoio da grande mídia. Agora e assim, tem votou contra a Dilma, acha que já estar eleito para qualquer coisa.
Regis 22/04/2016 09:03
Não podemos esquecer do POVO, enquanto o POBRE TROCAR VOTO POR DENTADURA, E O RICO POR FAVORES FUTUROS, não mudaremos nada. Grande parte da POPULAÇÃO, não sabe interpretar uma frase, estes são o que decidem uma eleição. O que fazer? Queremos nos comparar com Primeiro Mundo, uma PIADA, a começar pelo nível da classe política brasileira, MUITO TRISTE. Mas vamos em frente, quem sabe nos próximos 100 anos chegaremos no mundo civilizado. Fazer um Pacto.
Ver mais comentários
21
Comentários
500
As informações são de responsabilidade do autor:
  • Em Breve

    Ofertas incríveis para você

    Aguarde

Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje

Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object

ACOMPANHE O POVO NAS REDES SOCIAIS

Erro ao renderizar o portlet: Barra Sites do Grupo

Erro: <urlopen error [Errno 110] Tempo esgotado para conexão>