AMIZADES QUE A POLÍTICA FEZ E DESFEZ 08/06/2014

As alianças que viram rivalidade

Anunciado há meses, rompimento entre o clã Ferreira Gomes e Eunício Oliveira é só mais um caso de antigos aliados que se tornam rivais. Ao longo dos anos, foram muitas as amizades desfeitas sobre palanques
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Carlos Mazza carlosmazza@opovo.com.br
IANA SOARES
Eunicio Oliveira e Cid Gomes quando, na campanha de 2010, os dois estavam juntos no mesmo palanque;. cena dificilmente se repetirá em 2014


Pouca gente se surpreendeu quando, na última semana, Ciro Gomes (Pros) disparou pesadas críticas ao até bem pouco tempo aliado Eunício Oliveira (PMDB). Anunciado há meses, rompimento entre o clã Ferreira Gomes e o peemedebista é só mais um caso em uma linhagem de conflitos nascidos de antigos aliados. Na história política local e nacional, exemplos que ilustram a tese não faltam: mais regra que exceção, maioria das grandes rivalidades partiu de quem até pouco tempo antes andava de mãos dadas.

 

Após seis anos de aliança, rompimento entre o governador e a ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), é um desses casos. “Nem a indústria naval do mundo inteiro vai estragar essa relação de carinho e amizade”, disse Cid à petista em 2010, durante crise do estaleiro do Titanzinho. A “inabalável” amizade veio abaixo dois anos depois, após a Prefeitura de Fortaleza virar alvo de cobiça de ambos. “Gestão Luizianne está exaurida”, disse Cid à época.

 

Não restritas aos Ferreira Gomes, ao Ceará ou à redemocratização, rivalidades do tipo acompanham a República brasileira desde o seu berço. Homem de confiança do imperador D. Pedro II até a noite anterior à instauração do regime republicano, o Marechal Floriano Peixoto virou às costas ao aliado em 15 de novembro de 1889. Encerrada a Monarquia, o “Marechal de Ferro” assume a vice-presidência do País, vindo a se tornar o segundo presidente brasileiro em novembro de 1891.

 

Mais de meio século depois, o embate entre aliados permaneceu na vida pública brasileira. Alçado em cúpula pelos coronéis Adauto Bezerra, César Cals e Virgílio Távora ao governo do Ceará em 1983, o professor Gonzaga Mota rompe com o PDS - partido de seus mentores - e lança Tasso Jereissati (então PMDB) à sua sucessão. O “karma” foi imediato: entre eleição e a posse de Tasso, o novo governador nega partilha de cargos e encerra relações com Gonzaga Mota.

 

O “rosário” de rompimentos não parou por aí. Após estabelecer domínio político no Ceará e eleger Ciro Gomes seu sucessor, Tasso acaba isolado na disputa pelo Senado em 2010. Na época, o ex-governador rompe com Cid e Ciro Gomes, após eles cederem a pressões do PT Nacional e apoiarem José Pimentel ao cargo. Agora, o próprio Cid vivencia novamente a situação, ao ver em Eunício, antigo aliado, seu principal adversário na eleição deste ano.

Ideologia e votos
Entre pesquisadores, a alta flutuação de alianças pode ser explicada pelo pouco peso ideológico e forte caráter eleitoreiro da maioria das alianças. Coligações sem peso ideológico explicariam, por exemplo, reaproximação entre o PT e o deputado Paulo Maluf (PP) em São Paulo. Antigo rival dos petistas no Estado, Maluf se reaproximou para facilitar campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo em 2012.

 

Da mesma forma, outros adversários históricos de Luis Inácio Lula da Silva (PT), como José Sarney (PMDB), Fernando Collor de Mello (PTB) e Eduardo Paes (PMDB-RJ) também acabaram unidos no mesmo palanque do petista.

 

DE AMIGOS A RIVAIS

 

1. Gonzaga Mota e os coronéis Alçado ao governo pelos coronéis Adauto Bezerra, Virgílio Távora e César Cals, Gonzaga Mota rompe com eles para apoiar Tasso Jereissati à sua sucessão. No detalhe, reportagens do O POVO de 1983
e 1985 mostram mudança na relação entre eles.

2. Tasso Jereissati e Ciro Gomes Padrinho de Ciro desde o início de sua carreira política, o então governador Tasso alça o jovem Ferreira Gomes à presidência da Assembleia. Logo após, trabalha ativamente para eleger Ciro prefeito de Fortaleza e, dois anos depois, governador do Ceará. Em 2002, vai contra o próprio partido e apoia Ciro (no PPS) à Presidência da República. Em 2006, repete a postura e apoia Cid Gomes (no PSB) ao governo do Ceará, contra o seu correligionário Lúcio Alcântara. Em 2010, rompe com os Ferreira Gomes e perde reeleição.

 

3. Luizianne Lins e João Alfredo Em 2006, quando Luizianne sai candidata à Prefeitura sem apoio do PT, João é um dos poucos petistas a rejeitar determinação nacional para apoiar Inácio Arruda (PCdoB) na disputa. Em 2005, quando deixa o PT, João tenta trazer a prefeita para o Psol. “Ela tem o meu respeito e o meu apoio, estaremos juntos”, disse. Em 2008, é eleito vereador e se torna um dos mais ativos opositores da petista na Câmara.

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