O presidente do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), desembargador Luiz Gerardo de Pontes Brígido, não considera que condutas como furar fila, falsificar carteirinhas e roubar sinal de TV a Cabo sejam atos corruptos. “São ações antiéticas, antissociais, mas corruptas, não”, afirma, acrescentando que estas atitudes não devem ser vistas como o ponto de partida de corrupções maiores.
“É muito comum falsificar carteirinha de estudante, há aqueles que usam o sinal WiFi dos outros e quem nunca furou fila?”, questiona. O desembargador diz que, em certos casos, essas atitudes são feitas por um princípio de sobrevivência, como “vender produtos falsificados”. Ele identifica a falta de “educação doméstica” como um dos fatores que incentivam tais comportamentos . “É um problema cultural”, frisa.
Pontes aponta o Brasil como um País corrupto “desde a época de sua colonização”. “A corrupção tem aumentado, mas isso se deve ao fato de que há uma reação maior do Estado e da própria sociedade. O povo está cobrando mais ética e transparência”, observa.
Contudo, na visão do desembargador, “muitos dos manifestantes que reivindicam seus direitos, acabam votando em políticos corruptos”. Mas algo está melhorando, “mesmo que de forma lenta e gradativa”. (Janaína Marques)
SAIBA MAIS
O Relatório da organização Transparência Internacional sobre a percepção da corrupção ao redor do mundo divulgou, em 2013, que o Brasil é o 72º colocado no ranking entre os 177 países analisados. Ficou atrás de todos os países desenvolvidos e também do Uruguai e do Chile, vistos como os menos corruptos da América Latina.
Pesquisa feita pela UFMG e Instituto Vox Populi, em 2012, apontou que 23% dos brasileiros afirmam que dar dinheiro a um guarda para evitar uma multa não é um ato corrupto. Enquanto que 35% dos entrevistados dizem que sonegar impostos quando a taxa é cara demais, não é uma forma de corrupção.
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