Não foi pelo valor da conta. Mas pela economia de um bem para todos, diante do quarto ano consecutivo de estiagem. E, mesmo que poupar tudo o que pode acabe não representando uma economia tão grande na fatura de água, a assessora de imprensa Renata Soares, 38, não desanima. “Eu moro em um condomínio em que a conta é dividida entre todos os apartamentos. Nem sei o quanto consegui economizar. Mas sei que já foi uma economia significativa”, partilha ela, que sempre orienta os filhos Mateus, 8, e João Davi, 3, sobre a urgência de fechar as torneiras ao se ensaboar e de diminuir o tempo do banho.

 

Quando moravam em casa, faziam reusos maiores: usava a água da máquina de lavar para aguar as plantas do jardim e levar os banheiros. Hoje, residindo em um apartamento na Cidade dos Funcionários, ela ensaboa toda a louça antes de enxaguar e ensina a empregada doméstica a fazer o mesmo. Mesmo assim, ainda recolhe parte da água do eletrodoméstico para usar nas plantas do apartamento e, ainda, colocar na bacia do vaso sanitário. “A água é um bem que pode acabar, não é infinito”, avisa.

“Com essas ações de cidadania e de solidariedade, eu estou apenas fazendo a minha parte”, compartilha ela, cujos avós moram em Amontada, a 183 quilômetros de Fortaleza e sofreram os efeitos da falta d’água em períodos de seca em anos anteriores. Na cidade, os avós têm duas cisternas e usam a água de forma regrada. “Me chama de louca da água, mas se é pra ser loucamente consciente, podem me chamar”.

Na família da dona de casa Maria do Socorro Soares, 68, a ordem é economizar. Ela comprou um balde de 100 litros para guardar a água da máquina de lavar. Ao invés de ir para o esgoto, agora serve para lavar a cozinha, o banheiro e, aproveita o ensejo para colocar na caixa do sanitário. “A gente faz o que pode, porque o problema da seca está cada dia mais sério”, elenca.

 

Empresa

A economia feita em casa não é suficiente para a redução do consumo, se grandes empresas não comprarem a ideia. O hotel Bristol Jangada Fortaleza, na avenida Abolição, realizou investimentos em três frentes buscando a economia de água. A conexão de todos os dutos, direcionando água da chuva para a cisterna do hotel foi a primeira delas. Assim, segundo Gustavo Orsi, coordenador nacional de marketing da Rede Bristol Hotéis & Resorts, a unidade vai poder utilizar a água da chuva.

 

Além disso, instalou, nas torneiras da unidade, redutores e aeradores. Isso, segundo o coordenador, vai proporcionar o mesmo “peso” da água, com economia de volume. Por último, o hotel comprou dessalinizador, que retém o excesso de sal na água do poço do hotel, devido à proximidade do mar. “Essas ações proporcionaram cerca de 40% de economia do consumo de água no hotel de Fortaleza”, aponta.

José Capelo Neto, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, da Universidade Federal do Ceará (UFC), avisa que, principalmente em períodos de estiagem, é importante que todos tenham consciência, seja empresa ou pessoa física, da importância de economizar água. “A dica principal é fazer uso consciente da água em todos os setores e aprender a reutilizar a água da máquina de lavar roupa, por exemplo”, afirma. (Angélica Feitosa)

 

Dicas

 

Diminuir o período de banho

Desligar a torneira quando estiver se ensaboando.

Ao lavar a louça, ensaboar primeiro e só depois enxaguar

Aproveitar a água do segundo enxague da máquina para lavar outras roupas. Fazer isso despejando a água da mangueira de saída da máquina em um balde e repondo na máquina

Usar a água da primeira lavagem da máquina, que contém sabão, para lavar o banheiro

Trocar a caixa do vaso sanitário por uma nova, que é mais eficiente e econômica no gasto da água

Em casa, se possível, trocar todas as torneiras convencionais por torneiras aeradas, que são mais econômicas

Tirar vazamentos existentes nas torneiras

 

Fonte: José Capelo Neto, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC).