Um jovem foi vítima de linchamento no bairro Vila Velha, na tarde de ontem. Segundo informações da assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o jovem teria tentado roubar um celular e foi agredido por moradores.
Segundo informações do tenente-coronel Francisco Souto, comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar de Fortaleza, o rapaz não foi identificado. “Ele assaltou e a população se revoltou”, diz o militar. O jovem foi agredido com várias pedradas e pauladas e morreu no local, na esquina das ruas Artur Borges, com Mozart Lucena.
Quando policiais militares chegaram ao local, já encontraram o jovem morto. Até a noite de ontem, nenhum suspeito de ter participado da ação havia sido identificado. “Esse tipo de crime é difícil investigar, porque é muita gente (que participa). Os linchadores eventuais aparecem de todo canto”, comenta o tenente-coronel.
Casos de linchamento
Em Fortaleza, foram pelo menos cinco casos em 2014 de linchamentos e espancamentos, conforme levantamento no banco de dados do O POVO. Ao longo do ano passado, foram pelo menos 16 casos em todo o Ceará.
O POVO questionou a especialistas: por que chegamos a este ponto? A intolerância, o aumento da criminalidade e o descrédito no Estado são respostas que se repetem. “Antes, ocorria linchamento quando tinha estupro ou assassinato, principalmente crimes envolvendo crianças”, cita o coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), César Barreira. “Hoje você tem um leque mais amplo das práticas. E isso se amplia na medida que a intolerância fica mais presente”.
O sociólogo afirma que ainda há uma forte desconfiança nos órgãos de segurança e no poder judicial, pela impunidade. “A gente está criando barreiras sociais muito fortes. E o linchamento é consequência disso. O outro passa a ser seu inimigo. As pessoas não confiam mais em ninguém, têm medo do outro”.
O psicanalista e professor de Pós-graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), Leonardo Danziato, reforça: “a barbárie, esse ataque de um homem a outro homem, nunca vai deixar de existir, mas é normativizada. Há hoje um fracasso de valores no Brasil pelo descrédito no Estado. Isso se precipita na tentativa de ‘justiça por conta própria’”.
5 casos de linchamento e espancamento na Capital em 2014
16 ocorrências foram registradas no ano passado
Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object
Erro ao renderizar o portlet: Barra Sites do Grupo
Erro: <urlopen error [Errno 110] Tempo esgotado para conexão>
Copyright © 1997-2016
Jornal de Hoje | Página Cotidiano