O Centro de Educação Infantil Madre Tereza de Calcutá, no bairro Aeroporto, funcionava até 2013 com o nome de Presidente Médici - referência ao terceiro presidente da Ditadura Militar. A creche foi rebatizada porque se vinculou a uma escola da rede municipal. O antigo nome, porém, ainda permanece na farda das professoras e na fachada. Assim como esse, outros espaços públicos de Fortaleza também carregam homenagens a presidentes militares e pessoas que apoiaram o regime. São escolas, ruas e praças.
O maior homenageado é o primeiro presidente do período, o general Humberto Castelo Branco. O cearense dá nome a escolas, travessa, avenida e fórum. Na Praia do Futuro, é a data da instalação do regime que está na praça 31 de março. E também há outras referências ao período nos bairros Mondubim, Meireles, Centro e Mucuripe. Segundo levantamento do coletivo Aparecidos Políticos, 35 espaços públicos e privados da Capital levam nome de pessoas ligadas à Ditadura. Integrante do grupo, o artista e ativista Marquinhos se preocupa com o número de casos.
“Percebemos que Fortaleza tem uma memória militar. Os nomes influenciam em todo o contexto histórico da cidade. É como se apenas a versão oficial do período fosse contada, enquanto a parte de oposição ao regime tende a ser esquecida”. O grupo formado por cinco artistas faz intervenções urbanas e sentiu necessidade de mapear esses espaços para garantir a atuação em Fortaleza. Entre as ações do grupo, está o rebatismo simbólico de locais públicos, como ocorreu no antigo Centro Social Urbano Presidente Médici.
Eles apagaram a referência ao presidente militar da fachada e deram ao local um novo nome: Edson Luís, reverenciando o integrante do movimento estudantil morto pela PM carioca em 1968. “Utilizamos a intervenção artística para modificar o nome desses lugares e, assim, tentamos mudar também o olhar das pessoas para os espaços”, diz.
Para a professora Ana Rita Fonteles, do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC), o rebatismo não é solução para se fazer justiça. Ela acredita que o debate deve ser incentivado nas comunidades e nas escolas. “É preciso problematizar a questão. Muitas vezes, a comunidade sequer conhece quem empresta o nome ao espaço”.
Leuda Almeida, 50, e as outras educadoras do antigo Centro Presidente Médici não foram ouvidas quando trocaram o nome para Madre Tereza de Calcutá. “Sempre achei um nome pesado. Não deveria estar ligado a uma instituição de ensino infantil”. Ela relembra que muitos pais nem sabiam da história do presidente militar. “Era irrelevante. Isso nunca influenciou em nada, principalmente no nosso trabalho, que é de amor e cuidado”. (Rômulo Costa)
Personagens
Castelo Branco
Articulador do golpe, foi o primeiro presidente do período (1964 a 1967).Costa e Silva
Segundo presidente da Ditadura (1967 a 1969).
César Cals
Governador do Ceará (1971 - 1975) e senador (1979 - 1987), indicado por militares.Laudelino Coelho
Superintendente da PF em Fortaleza, um dos comandantes da repressão a grupos de esquerda.
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