ULTRAMARATONA 23/03/2014

O desafio de correr 90 quilômetros

Uma vez por ano, Alexandre Saraiva encara a aridez africana e corre. Muito. São 90 quilômetros que exigem treinos intensos, frequentes e muitos esforços
notícia 0 comentários
DictSql({'grupo': 'ESPECIAL PARA O POVO', 'id_autor': 18933, 'email': 'ingridrodrigues@opovo.com.br', 'nome': 'Ingrid Coelho'})
Ingrid Coelho ingridrodrigues@opovo.com.br

Não há atleta sem limite. Melhor: sem a ultrapassagem deles. Os atletas vivem de correr atrás de recordes, performances mais arrojadas e desempenhos extraordinários. Correm, saltam, arremessam, tudo contra o relógio e, por vezes, contra o próprio corpo.

 

A diferença entre eles e os “afobados de academia”, pondera o cardiologista e médico do esporte Nabil Ghorayeb, é que, enquanto os atletas possuem amparo de uma equipe multidisciplinar, que coordena a busca por resultados, os “comuns”, algumas vezes, nem atenção médica têm. “E mesmo assim as lesões acontecem nos atletas”, lembra.


Que o diga o procurador de Justiça Alexandre Saraiva, 44. Praticante de esportes desde a adolescência, resolveu encarar corridas desafiadoras e, em junho, segue para a África do Sul para, pela sexta vez, correr a maratona Comrades, que acontece todos os anos ligando Durban e Piemariztburg. Entre as cidades, 90 quilômetros. Sim: todos os anos, Alexandre viaja do Brasil para a África do Sul para correr 90 quilômetros. São quase 10 horas de corrida. “Nos anos ímpares, a corrida é uphill (subindo a montanha) e nos anos pares o trajeto é o inverso (down hill)”, detalha.


Para se preparar para esse desafio, pelo menos dois treinos diários e outras maratonas mundo afora. “Prefiro as que ocorrem em lugares exóticos. Assim, participei, por exemplo, da primeira maratona no deserto do Atacama, o mais árido do mundo, também na Patagônia várias vezes”. Na rotina, musculação e treinamento funcional diariamente, além de fisioterapia e pilates. Todos acompanhados por profissionais. É um preparo para a “catarse” que são as ultramaratonas. “Corro sem música, sem relógio, praticamente sem nada. É uma espécie diferente de nudez. São instantes de intensa vivência interior, de revisitação de si próprio”, compara o procurador. “Em determinados momentos da corrida, as dores são tão fortes, o cansaço inclemente, as câimbras onipresentes, que realmente parece milagrosa a superação, tornando a chegada fantástica”, define. “Sei que meu corpo tem limites. Porém, minha vontade não”.


Lesões

Apesar da satisfação mental com a chegada em uma ultramaratona, os danos para o corpo existem. E o atleta os reconhece: são as cicatrizes, na definição de Alexandre Saraiva. “Já perdi os meniscos laterais do joelho esquerdo e sofro de várias dores crônicas, principalmente em algumas articulações e na planta dos pés, o que é considerado normal para maratonistas e ultramaratonistas. Também são comuns e, portanto, tenho algumas lesões na coluna”, enumera.

 

Por isso, o ortopedista e médico do esporte Marcos Girão reitera: esporte não é sinônimo de saúde. “A atividade física regular promove saúde. Mas pra isso tem que respeitar o limite que cada pessoa tem”, lembra. (Mariana Lazari)

 

espaço do leitor
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro a comentar esta notícia.
0
Comentários
500
As informações são de responsabilidade do autor:
  • Em Breve

    Ofertas incríveis para você

    Aguarde

Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje

Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object

ACOMPANHE O POVO NAS REDES SOCIAIS

Erro ao renderizar o portlet: Barra Sites do Grupo

Erro: <urlopen error [Errno 110] Tempo esgotado para conexão>