Não há atleta sem limite. Melhor: sem a ultrapassagem deles. Os atletas vivem de correr atrás de recordes, performances mais arrojadas e desempenhos extraordinários. Correm, saltam, arremessam, tudo contra o relógio e, por vezes, contra o próprio corpo.
A diferença entre eles e os “afobados de academia”, pondera o cardiologista e médico do esporte Nabil Ghorayeb, é que, enquanto os atletas possuem amparo de uma equipe multidisciplinar, que coordena a busca por resultados, os “comuns”, algumas vezes, nem atenção médica têm. “E mesmo assim as lesões acontecem nos atletas”, lembra.
Que o diga o procurador de Justiça Alexandre Saraiva, 44. Praticante de esportes desde a adolescência, resolveu encarar corridas desafiadoras e, em junho, segue para a África do Sul para, pela sexta vez, correr a maratona Comrades, que acontece todos os anos ligando Durban e Piemariztburg. Entre as cidades, 90 quilômetros. Sim: todos os anos, Alexandre viaja do Brasil para a África do Sul para correr 90 quilômetros. São quase 10 horas de corrida. “Nos anos ímpares, a corrida é uphill (subindo a montanha) e nos anos pares o trajeto é o inverso (down hill)”, detalha.
Para se preparar para esse desafio, pelo menos dois treinos diários e outras maratonas mundo afora. “Prefiro as que ocorrem em lugares exóticos. Assim, participei, por exemplo, da primeira maratona no deserto do Atacama, o mais árido do mundo, também na Patagônia várias vezes”. Na rotina, musculação e treinamento funcional diariamente, além de fisioterapia e pilates. Todos acompanhados por profissionais. É um preparo para a “catarse” que são as ultramaratonas. “Corro sem música, sem relógio, praticamente sem nada. É uma espécie diferente de nudez. São instantes de intensa vivência interior, de revisitação de si próprio”, compara o procurador. “Em determinados momentos da corrida, as dores são tão fortes, o cansaço inclemente, as câimbras onipresentes, que realmente parece milagrosa a superação, tornando a chegada fantástica”, define. “Sei que meu corpo tem limites. Porém, minha vontade não”.
Lesões
Apesar da satisfação mental com a chegada em uma ultramaratona, os danos para o corpo existem. E o atleta os reconhece: são as cicatrizes, na definição de Alexandre Saraiva. “Já perdi os meniscos laterais do joelho esquerdo e sofro de várias dores crônicas, principalmente em algumas articulações e na planta dos pés, o que é considerado normal para maratonistas e ultramaratonistas. Também são comuns e, portanto, tenho algumas lesões na coluna”, enumera.
Por isso, o ortopedista e médico do esporte Marcos Girão reitera: esporte não é sinônimo de saúde. “A atividade física regular promove saúde. Mas pra isso tem que respeitar o limite que cada pessoa tem”, lembra. (Mariana Lazari)
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