MIELOMA MÚLTIPLO 15/01/2017

A luta pelo tratamento

Tipo raro de câncer, o mieloma múltiplo apresenta, entre os seus sintomas, anemia, sangramentos anormais e dor nos ossos prevalecente na coluna. Pacientes enfrentam dificuldades para tratar a doença
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Caio Faheina caio.faheina@opovo.com.br
Rosa Holanda e Eliete Rodrigues relatam as dificuldades de conseguir a medicação


Os exames feitos pela professora aposentada Rosa Maria Holanda, 65, que indicavam alto grau de anemia, não informaram, naquele agosto de 2012, o que estava por vir. A frequente falta de ar e as tonturas — causadas pela ausência ou má formação de células vermelhas no sangue, sinais da anemia — indicaram outro possível diagnóstico: mieloma múltiplo. O que se confirmou posteriormente. “Eu fiquei mais calma que a minha família, pois sempre tento manter a esperança de que vou melhorar”, ensinou Rosa Maria, mesmo sabendo que a doença não tem cura.


O mieloma múltiplo é uma doença rara, representando 1% de todos os cânceres.

 

A incidência da patologia no Mundo varia entre 1 e 12 pessoas para cada 100 mil habitantes — no Brasil, segundo a International Myeloma Foundation (IMF), quatro pessoas são diagnosticadas com mieloma para cada 100 mil habitantes.

 

Entre os principais sintomas da doença estão anemia, sangramentos anormais e dor nos ossos prevalecente na coluna. O que não aconteceu com Rosa.


“Diferentemente dos diagnósticos comuns, eu não sentia dor nos ossos. No meu caso, foi só anemia, o que dificultou a identificação do mieloma”, explica a aposentada. O transplante autólogo de medula óssea, feito com as próprias células do paciente e indicado para amenizar as dores causadas pela doença, foi realizado no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). O acompanhamento da paciente foi feito no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce). Os dois órgãos são referência no tratamento de mieloma múltiplo no Estado.


Tratamento

Para que o transplante seja realizado, todavia, é necessário que pacientes sejam submetidos à medicação específica, como o melfalano. A substância, porém, desde setembro de 2016, não é distribuída para as unidades especializadas no tratamento, decorrente da paralisação da produção do medicamento. O que deixou 54 pessoas na fila de espera para o transplante de medula, segundo o médico hematologista e chefe do Serviço de Transplante de Medula Óssea do Estado, Fernando Barroso.


“Nós paramos de coletar células desses pacientes, já que não há medicamento para dar continuidade ao tratamento. Não há transplante, não pela falta de médico, de leito, e sim pela falta de medicamento”, ressalta o especialista. Em todo o ano de 2016, 14 transplantes foram realizados. O número é menos da metade de transplantações feitas em 2015, que somou 34 cirurgias.


E mesmo após o transplante, não há garantia de que a doença se estabilize. Em casos de remissão do câncer, um medicamento mais forte que o melfalano deve ser usado: a lenalidomida. A substância não é certificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, por isso, não é distribuída no País. Isso faz com que pacientes procurem a Justiça para tentar importar a droga.


O quadro clínico de Rosa Maria é estável. Após quase quatro anos do transplante, feito em 2013, o câncer não avançou. Mas, nem todos que têm a doença apresentam o mesmo controle. Nas próximas páginas do Ciência&Saúde deste domingo, você encontra as especificidades do mieloma múltiplo, os percalços de quem já realizou o transplante de medula óssea e está à espera de medicamento para conter a remissão do câncer, além da angústia de quem não conseguiu sequer a transplantação, mas que peleja pela vida.

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