Pesquisa divulgada nesta terça-feira, 9, na revista científica PeerJ, aponta ameaças e oportunidades para abelhas e demais espécies polinizadoras em agricultura, nos próximos 30 anos. Dentre o grupo de 17 cientistas envolvidos no trabalho, o professor Breno Magalhães Freitas, do departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará (UFC), foi o único representante brasileiro.
Segundo os pesquisadores, a agricultura de larga escala pode reduzir a população ou até eliminar os animais polinizadores. Com a expansão deste modelo de cultivo, o desenvolvimento de novos inseticidas e a descoberta de vírus emergentes, as abelhas e demais polinizadores enfrentam sérios riscos.
AMEAÇAS E OPORTUNIDADES
A pesquisa, financiada pela União Europeia, foi conduzida por um grupo de 17 cientistas, liderados pelo professor Mark Brown, da Royal Holloway University of London.
O grupo identificou ameaças futuras e oportunidades a serem aproveitadas, no intuito de proteger as abelhas e demais insetos, além de aves, mamíferos e répteis polinizadores. Brown explicou que "cerca de 35% da produção agrícola mundial e 85% das plantas silvestres com flores dependem de polinizadores que enfrentam as mais diversas dificuldades para sobreviver e prosperar”. Hoje são usadas práticas que aumentam a produtividade agrícola mas prejudicam estas espécies. Estas consequências são “muito reais para o nosso bem-estar", finaliza Brown.
Foram listados 60 riscos e oportunidades identificados para os polinizadores. Deles, seis têm alta prioridade:
- controle corporativo da agricultura em escala global;
- a sulfoximina, uma nova classe de inseticidas;
- os novos vírus emergentes;
- o aumento da diversidade de espécies polinizadoras manejadas;
- os efeitos de eventos extremos no âmbito das mudanças climáticas;
- e as reduções no uso de produtos químicos em ambientes não agrícolas.
A pesquisa destaca também as indústrias agroalimentares como a maior ameaça para os polinizadores. A homogeneização de práticas agrícolas pelas empresas pode ser exemplificada pelo uso padronizado de sistemas de produção mesmo em paisagens diferentes, “reduzindo significativamente a diversidade e número de polinizadores nativos", alerta Sarina Jepsen, diretora de espécies ameaçadas e programas aquáticos, da Sociedade Xerces, e coordenadora do grupo de especialistas em abelhas Bombus, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
O professor Breno Freitas da UFC destaca a importância de uma ação para proteger os polinizadores. Para ele, as opções são: continuar a usar medidas paliativas que geralmente não funcionam, ou agir com “governos e as grandes corporações, como as indústrias agroalimentar e de pesticidas, para que assumam suas parcelas de responsabilidade e atuem em conjunto com os pesquisadores, ONGs e a sociedade em geral na implementação de medidas preventivas, para minimizar possíveis problemas antes que aconteçam", declara.
Redação O POVO Online
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