artigo 25/10/2017 - 15h54

Por uma sociedade humanizada

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Por uma sociedade humanizada


A situação política atualmente vivenciada no Brasil é preocupante. Quando se torna quase que rotineiro, a votação na Câmara pelo prosseguimento ou não de investigação contra o Presidente da República, algo não está muito certo. O mais grave disso é o aparato que esse modelo de governabilidade encontra numa permanência no poder, fato que se constata numa base que serve de alicerce e sustentáculo, raiz esta composta por envolvidos em corrupção.   

         

Reformas, novas propostas, se apresentam como um marco que deve ser deixado. Parece que essa avalanche de novidade, que se manifesta numa agenda neoliberal, constituída de privatizações, de valorização do tecnicismo, dentre outros males, chega para acentuar cada vez mais o escândalo da desigualdade.

         

O filósofo Manfredo Oliveira em artigo recente recorda que: “O Brasil é um espetáculo de desigualdade e se situa entre os dez países mais desiguais do mundo”. Mas por que esse fosso lamentável permanece em constante estado de desenvolvimento? Ora, devido a uma estrutura que é sustentada pelos que justamente dominam. “Encaminhar trilhões aos cofres do sistema financeiro dos super-ricos por duas décadas (governos recentes) significou impossibilitar investimentos públicos e privados. Daí os efeitos negativos na indústria, na infraestrutura pública, nos serviços urbanos, na saúde, na educação, tendo como efeito a degradação da qualidade de vida das pessoas... A brutal desigualdade de renda continua a ser o traço definidor do Brasil. A equipe econômica atual empenha-se no aprimoramento desta postura”, afirma Manfredo.

          

Pensar que oito indivíduos possuem mais riqueza do que metade da humanidade não é imaginação, é a realidade apontada pelo relatório “Uma economia para os 99%”, divulgado no início do ano e elaborado pela Oxfam.  

         

Em declaração recente o Papa Francisco propôs uma civilização do mercado na visualização de uma ética. Observando a condição de agora do país, as palavras do Papa são bastante oportunas: “O aumento endêmico e sistêmico das desigualdades e da exploração do Planeta, e o trabalho que não dignifica a pessoa humana são as duas causas específicas que alimentam a exclusão e as periferias existenciais”.   

         

Será que a portaria que há pouco foi atestada pelo Ministério do Trabalho, beneficia os trabalhadores ou facilita a manutenção de trabalho escravo? Isso não valoriza a dignidade do ser humano já tão maltratada pela negligência de oferta de serviços básicos. 

         

Numa sociedade em que impera a primazia do que é eficaz, produtivo, vantajoso, o Papa alerta que “Valores fundamentais como a democracia, a justiça, a liberdade... não podem ser sacrificadas no altar da eficiência”. E ensaia uma crítica ao Estado: “O Estado não pode conceber-se como único e exclusivo detentor do bem comum, não permitindo a corpos intermediários da sociedade civil de expressarem plenamente seu pleno potencial”. Infelizmente, o cenário dessa conjuntura que domina hoje, segue em pleno aperfeiçoamento. O questionamento fundamental que surge é se desse modo se pode ter uma sociedade humana.


Felipe Augusto Ferreira Feijão 

Estudante de Filosofia - UFC


 

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