Campanha eleitoral não se vence de véspera, muito menos na primeira pesquisa. Ainda mais quando se enfrenta grupo tão experiente, escolado nestas disputas, que está na máquina administrativa e tem tão poderosos aliados. Mas que a junção dos resultados é excelente para Eunício Oliveira (PMDB), isso é inegável. Líder com folga, ele tem também a menor rejeição, enquanto Camilo Santana (PT) tem a taxa mais elevada dos que dizem que não votariam nele em hipótese alguma. A vantagem de 28 pontos é maior do que um lado e outro projetavam para o início da campanha em televisão e rádio. O cenário é ótimo para o peemedebista para o início dessa fase decisiva, mas passa longe de ter qualquer ar de definitivo.
Eunício Oliveira lidera disputa com 47%, Camilo Santana tem 19%Voto evangélico é desafio para CamiloAprovação de Cid cai de 65% para 46% no segundo mandatoO primeiro Datafolha de 2014
Com pressões, contrapressões e dúvidas sobre o envolvimento de Lula e Dilma Rousseff na campanha do Ceará, o governador Cid Gomes é o fator determinante para o futuro da candidatura de Camilo. Ele permanece extremamente popular, mas o percentual de ótimo e bom - 46% - fica só um ponto acima do menor da série histórica do Datafolha. Já o ruim e péssimo é o mais alto desde 2007. A boa notícia para os governistas é que o cenário é muito parecido com o de julho de 2010, quando o próprio Cid começava a campanha da qual sairia reeleito com folga.
O vazio que a tragédia expõe
Tragédias como a de ontem mostram o quanto há de vazio de sentido em muitas das dimensões da disputa pelo poder. Independentemente de simpatias ou antipatias, Eduardo Campos (PSB) passou a fazer parte do cotidiano de quem acompanha, gosta e, sobretudo, de quem trabalha com política. Sua morte e de sua comitiva – inclusive colegas jornalistas – é chocante, sobretudo para quem se acostumou a noticiar fatos relacionados ao candidato de forma quase cotidiana. Campos se tornou, de certa forma, familiar. Ao Ceará, faria no sábado que vem sua terceira visita em menos de três meses.
O inacreditável dia que vivemos ontem lembra a fragilidade e o imprevisível da vida, a insignificância de certas ambições e o ridículo da virulência em certos embates. Esses jogos de poder, as derrotas e vitórias não são, afinal, tão importantes quanto parecem. Campos parecia ter um roteiro traçado. Sabia que suas chances eram remotas neste ano, mas projetava acumular forças políticas para chegar mais competitivo em 2018.
Em mais uma ou duas eleições, projetava-se presidente. Mas a vida nem sempre respeita planos. No que reside a grande frivolidade da ambição pelo poder. Porque as coisas mais importantes da nossa existência não estão sob nosso controle.
O rumo da campanha
Numa campanha na qual três candidatos despontavam, obviamente que a morte de um deles no meio da campanha, num desastre aéreo, tem desdobramentos gigantescos. Mas, no calor do choque, prefiro esperar a poeira baixar antes de olhar para o que será essa nova eleição. Uma coisa é certa: o cenário se transforma radicalmente. Um novo e crucial elemento está presente. De forma terrível, a campanha que envolvia menos interesse popular em muitos e muitos anos se tornou, indiretamente, assunto de todos desde a tarde de ontem. As velhas estratégias não cabem mais.
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