O ano de 2017 registrou o maior número de mortes violentas do estado, totalizando 5.134, uma média de 14 assassinatos por dia, segundo os dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). A contagem inclui casos de homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte.
O balanço de crimes violentos Letais Intencionais (CVLIs) do último ano, constatou que 522 crianças e adolescentes, até 17 anos, foram mortos no Ceará. Um aumento de 46,6% em relação ao ano de 2016, que registrou 356 assassinatos.
O pesquisador do Laboratório de Conflitualidade e Violência (Covio) da Uece, Ricardo Moura destaca que, historicamente, os adolescentes são o segmento social mais atingido pela violência, e os mais expostos e vulneráveis à criminalidade. “A gente ver altas taxas de evasão escolar, dificuldades de conseguir boas vagas no mercado de trabalho. Nesse cenário a entrada em grupos criminosos acaba se tornando um fator de constituição da identidade do jovem."
Em Fortaleza foi constatado o maior índice do estado, 227 ocorrências. O Secretário Municipal de Juventude, Júlio Brizzi, afirma que há um esforço integrado, entre os órgãos públicos, para realizar iniciativas nos territórios onde são registrados os maiores números de letalidade entre adolescentes. “É uma forma de dar uma contribuição mais intensa e específica nos locais que identificamos que necessita de mais atenção. Verificamos, através de estudos, que em algum momento os jovens ficam mais vulneráveis, seja por questão territorial, problemas familiares ou abandono do estado pela educação. Iniciativas estão sendo colocadas em prática para evitar que os jovens fiquem mais vulneráveis a cometer ou sofrer violência.”, afirma.
Segundo os dados da SSPDS, 88% das vítimas são do sexo masculino e 12% são mulheres. Em 2016 foram 23 jovens do sexo feminino assassinadas no Ceará. Esse número aumentou 165,22%, no último ano, quando foram registrados 61 homicídios contra mulheres menores de 18 anos.
Ricardo acredita que o aumento desse percentual são resultados dos conflitos de violência que acabam estendendo-se a quem possui relações com pessoas envolvidas em confrontos criminosos. “Isso se deve à dinâmica de conflitos que acabam resultando na morte de jovens que tenham algum tipo de relação afetiva com meninos que estão nas facções”, completa.
O levantamento mostra que a Capital cearense lidera o quadro de homicídios com 43% das ocorrências, seguida pela Região Metropolitana, 30%, e o interior do estado com 27% dos homicídios registrados em 2017.
Área Integrada de Segurança
O governo do estado divide o Ceará em 22 Áreas Integradas de Segurança (AIS). As áreas de 1 a 10 ficam todas em Fortaleza, com divisão em bairros da Capital cearense. As áreas 11, 12 e 13 ficam na Região Metropolitana. Já as AIS 14 a 22 ficam em cidades do Interior do Ceará.
Em 2017 as AIS 11 (Caucaia, São Gonçalo) e 12 (Maracanaú, Maranguape, Pacatuba, Guaiúba e Itaitinga) foram as mais violentas registrando 51 homicídios em cada área.
No primeiro trimestre de 2018 foram registradas 119 mortes violentas de crianças e adolescentes até 17 anos. Os números apontam um aumento de 23,9% em relação ao mesmo período de 2017.