Com o avanço tecnológico e celulares cada vez mais acessíveis, os telefones públicos, chamados popularmente de orelhões, perderam espaço e chegaram a ser quase esquecidos.
Inventado pela engenheira Chu Ming Silveira, nascida na China e naturalizada brasileira, o orelhão foi implantado nas cidades do País na década de 1970. A enfermeira Cynthia Loubão, 37 anos, relembra que era grande o número de pessoas que utilizavam o telefone público. “Ficávamos esperando no sol quente as outras pessoas terminarem suas chamadas, e a gente ainda ficava apressando, afinal, a gente também queria ligar”, recorda.
Os orelhões inicialmente necessitavam de moedas para realizarem as ligações e, logo depois, foram criadas as fichas telefônicas “Comprávamos uma cartela de ficha e cada ficha durava apenas três minutos” diz Cynthia. Com o tempo as fichas foram substituídas pelos cartões telefônicos, usados até hoje.
Existem, atualmente, mais de 35 mil orelhões instalados no Ceará, segundo a Oi, empresa responsável pelos telefones públicos no estado, onde cerca de dez mil estão localizados em Fortaleza.
Por determinação da Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel), as ligações locais e de longa distância nacional, realizadas a partir de orelhões não podem ser cobradas. A Oi foi responsabilizada após a fiscalização da Anatel constatar que os orelhões em condições de operação não atingiram os patamares estabelecidos pela agência.
De acordo com a Anatel, a gratuidade de ligações se manterá até a divulgação do resultado da próxima aferição de disponibilidade dos orelhões, que será entre o final de março e começo de abril de 2018.
A usuária dos telefones públicos, Alana Miranda, 27 anos, reclama da falta de manutenção nos aparelhos. “Infelizmente os aparelhos estão bem sucateados”, critica. Mas, reconhece que o serviço facilita a vida de quem não possui ou não costuma sair com o telefone móvel. “É uma boa opção, devido à violência nas ruas passei a utilizá-lo, quando estou na rua e preciso ligar, uso os orelhões”, completa.
A Oi afirma possuir um sistema de manutenção, mas devido aos atos de vandalismo é difícil manter a qualidade. Segundo a empresa, no primeiro trimestre de 2018 foram danificados, em média, mensalmente, 15% dos orelhões instalados no Ceará. Os atos mais comuns de depredação dos telefones públicos são as pichações e colagem indevidas de propaganda nos aparelhos, dificultando a utilização dos orelhões.