O estado do Ceará registrou uma diminuição de 19% na quantidade de transplantes de órgãos e tecidos realizados no ano de 2017. O número caiu de 1.874, em 2016, para 1.518 no último ano.
O chefe do Serviço de Transplante Hepático do Hospital Universitário Walter Cantídio, Huygens Garcia, acredita que além das dificuldades da saúde pública, o número de famílias que não autorizam as doações contribuiu para a queda de cirurgias realizadas “um dos pontos que influenciaram essa diminuição é a negação familiar, muitas famílias quando abordadas não aceitam a doação de órgãos”, diz.
De acordo com os dados divulgados pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), 38% das potenciais doações, no Ceará em 2017, não se concretizaram por causa da recusa. No Brasil o índice foi de 42%.
Nos últimos dez anos o transplante de córneas foi o mais realizado no Ceará, com 6.547 procedimentos, enquanto o de pulmão obteve o menor índice com apenas 40 cirurgias entre 2007 e 2017.
O médico cirurgião e coordenador do Programa de Transplante de Pulmão do Hospital de Messejana, Antero Gomes Neto, afirma que a falta de conhecimento geral e alto custo pós-cirurgia afetam o número de procedimentos envolvendo transplantes pulmonar. Ele afirma: “Somos referência no Norte/Nordeste mas muitos não podem vir para cá, não possuem condições e a cobertura do SUS não é suficiente. Infelizmente a gente ainda não tem uma estrutura e suporte para apoiá-los”
Mesmo com a diminuição, o resultado foi o segundo maior número registrado desde a criação da Central de Transplantes do Ceará, em 1998, ficando atrás apenas de 2016 (veja o quadro).
Em dez anos o número de transplantes subiu de 654, em 2007, para 1.518 no ano passado, segundo a ABTO e a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
O Ceará possui o sétimo maior índice de transplantes por milhão de pessoa do País, atingindo a marca de 49,9 procedimentos. No Nordeste, o Ceará ocupa a segunda posição.