Em épocas de crise econômica e tentativas de retomada de crescimento e desenvolvimento do País, o Plano Real completa 24 anos desde seu lançamento, em 1994.
No auge da hiperinflação, no início da década de 90, o governo de Itamar Franco lançou mais um plano econômico, o sétimo em uma década e o primeiro em sua administração. O projeto visava controlar os gastos públicos e combater a alta inflação que assolava a população brasileira.
O mestre em economia e professor universitário, Eldair Melo, relembra que a população brasileira não tinha poder de compra, e era insegura em relação aos custos do mercado “Os preços eram remarcados diariamente, era como se o brasileiro comprasse o pão a um real pela manhã, e a tarde o mesmo pão custava em torno de cinco”, diz.
Diferente dos planos que o antecederam, o Plano Real foi aplicado de forma gradativa evitando os chamados choques econômicos. O primeiro passo foi o equilíbrio das contas do governo, iniciado ainda em 1993, seguido da redução de gastos, aumentos de impostos e privatizações.
Em março de 1994 aconteceu a implantação da URV (Unidade Real de Valor), uma moeda fictícia cujo valor, em cruzeiros, era definido diariamente. Uma transição até a adoção completa de uma nova moeda, o Real.
Essa aplicação gradual foi o diferencial para o sucesso da implantação do novo plano econômico, Eldair acredita que as medidas que vieram antes não passavam confiança a população “o Plano Real foi uma coisa mais transparente, todos sabiam o efeito, e o governo, diferente dos anteriores, soube preparar a população”, afirma.
A implantação da nova moeda ocorreu no dia 1°de Julho, a URV passou a ser igual a R$ 1. Para a distribuição da nova moeda pelo País, foi necessária uma grande operação logística. O valor da nova moeda foi fixado com a cotação da URV do dia anterior que era de 2.750 cruzeiros. Dessa forma CR$ 5.000 equivaliam a cerca de R$ 2, o suficiente para comprar, na época, meio quilo de carne ou três litros de leite.
O impacto do plano no crescimento e estabilização do Brasil foi imediato, com a queda rápida da taxa de inflação e um grande crescimento da demanda e atividade econômica, além da valorização cambial.
Atualmente, 24 anos após a implantação do plano de estabilização econômica, há quem concorde e quem discorde sobre os benefícios a longo prazo. As principais contestações são referentes ao aumento dos preços em contraste com a falta de reajuste salarial e reclamações feitas pelo setor industrial, afirmando que o crescimento sustentável do País foi realizado às custas da estagnação, aumento da carga tributária e da elevação de juros.
Mas para o mestre em economia são bons resultados “O dado é positivo, antes não tínhamos uma moeda sustentável, hoje a economia é estável. De 2014 pra cá houve uma regressão, por causa de políticas mal aplicadas, mas a inflação se manteve”.