carreiras s/a 14/09/2018 - 14h58

Saiba importância da equidade no mercado de trabalho

Mesmo com os constantes avanços nos direitos das mulheres, a igualdade entre os gêneros ainda é uma realidade distante. Para combater as diferenças, empresas atuam em prol do desenvolvimento de suas colaboradoras por meio de programas e benefícios
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Lia Rodrigues liarodrigues@opovo.com.br
foto: Getty Images

Historicamente, as mulheres sempre enfrentaram desigualdades em relação aos homens. Por meio de muitas lutas, elas conquistaram direitos políticos, civis e sociais,
como aqueles relativos ao voto, à educação, ao trabalho e à liberdade sexual. Entretanto, ainda há um longo caminho a percorrer para chegar à equidade entre os gêneros,
especialmente pelo caráter patriarcal da sociedade, na qual elas ainda são submetidas à violência e, no mercado de trabalho, ainda sofrem com fatores como a disparidade de
salários e oportunidades, além do pouco acesso aos cargos de liderança.
 
Segundo Gema Galgani, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutora em Sociologia, para além da questão do gênero, as mulheres também
passam por discriminações em razão de outros fatores. "O mercado de trabalhotambém discrimina as mulheres por fatores como nível de instrução, padrão estético,
condição conjugal, ciclo de vida familiar e orientação sexual", afirma.
 
Para a professora, a desigualdade reflete uma sociedade que ainda considera o principal papel social da mulher a função reprodutiva e a concebe como responsável
por boa parte do trabalho e cuidados no âmbito familiar e doméstico. “Embora os dados estatísticos apontem para a crescente participação da mulher como chefe
de família, o imaginário social ancorado em comportamentos de forte viés patriarcal, mantém a mulher em condições de subordinação ao homem”, aponta.
 
Disparidade salarial
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
(Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
no primeiro trimestre de 2018, o percentual de pessoas de 14 anos ou mais na
força de trabalho era formado por 55,5% de homens e 44,5% de mulheres no Brasil.
No Ceará, o percentual era de, respectivamente, 57,3% e 42,7%. Além de serem menor
número no mercado de trabalho, elas também recebem salários menores.
 
A mesma pesquisa aponta que o rendimento médio do trabalho principal recebido por pessoas de 14 anos ou mais no
Brasil foi de R$ 2.104. Para os homens, a média foi de R$ 2.336, enquanto as mulheres
receberam, em média, R$ 1.797. No Ceará, os valores recebidos foram as
médias de R$ 1.814 para a população total, R$ 2.042 para homens e R$ 1.515 para
mulheres. De acordo com dados do Fórum Econômico Mundial, o tempo estimado para a equiparação dos salários recebidos
por ambos os gêneros é de 100 anos.
 
Incentivo à equidade 
A ONU Mulheres, entidade das NaçõesUnidas para o incentivo da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres, em parceria com o Pacto
Global — iniciativa da ONU para encorajar políticas de responsabilidade social nas empresas —, criou os Princípios de Empoderamento das Mulheres.
 
Motivado também por avanços na equidade entre os gêneros no mercado de trabalho, o Great Place to Work (GPTW) lançou o prêmio Melhores Empresas para
a Mulher Trabalhar, realizado em parceria com a revista Época e a ONU Mulheres. O ranking reconhece e incentiva organizações
de médio e grande porte que possuem práticas de gestão e iniciativas voltadas para a melhoria do ambiente de trabalho para suas colaboradoras. O laboratório
Sabin, AccorHotels, Itaú Unibanco, Magazine Luiza e Mastercard são algumas das empresas premiadas.

Delrio
No Ceará, a marca de moda íntima DelRio é uma das empresas que apostam no potencial do trabalho feminino. Cerca de 90% do quadro de
funcionários é composto por mulheres, o equivalente a algo em torno de três mil colaboradoras. Para Carlos Pereira, presidente da companhia, as
características femininas têm impacto direto nos processos da empresa, visto que muitos cargos de liderança são ocupados por elas. “A lingerie é um
produto que necessita de um olhar em detalhes que apenas a mulher consegue ter por ser usuária dos produtos. [Além disso], a mulher tem
qualidades peculiares, como atenção aos detalhes, execução de atividades com maior minúcia e cuidado com o impacto de cada decisão”, defende.
 
A DelRio conta com programas internos, cursos e treinamentos
voltados para a qualificação do público feminino. Um exemplo é o Centro
de Preparação Profissional (CPP) da empresa, que prepara mulheres da
comunidade para o ofício de operadora de máquina de costura. “Também
temos o Programa de Mecânicas Trainee, cujo principal objetivo é formar
mão de obra feminina qualificada para o desempenho desse cargo [mecânica
para manutenção de máquina de costura]”, afirma Pereira.

Sabin medicina diagnóstica
Fundado em 1984 por duas mulheres e hoje com uma presidente-executiva à sua frente, o Sabin Medicina Diagnóstica foi premiado com o primeiro
lugar nas edições 2017 e 2018 do GPTW Mulher, sendo reconhecido como a melhor empresa para a mulher trabalhar no Brasil. Mariana Bittar, gerente de
pessoas do Grupo Sabin, atribui a premiação ao incentivo da companhia à presença feminina nos cargos de chefia e pelas oportunidades de carreira
oferecidas às colaboradoras. O laboratório também é, desde 2016, signatário dos Princípios de Empoderamento das Mulheres da ONU Mulheres.
 
“Para nós, estimular a equidade de gênero e o empoderamento feminino é um movimento estratégico, que incentiva a inovação e o engajamento
do nosso time, proporcionando maior produtividade e qualidade nos serviços oferecidos aos nossos clientes”, afirma Mariana. Para isso,
a empresa conta com ações de incentivo às mulheres na progressão de carreira e, atualmente, 74% de sua liderança é feminina. Entre os benefícios recebidos pelas funcionárias
estão o auxílio para compra de material escolar de seus filhos, para casamentos, para compra de enxoval de bebês e o Programa Gestação, que traz orientações para o período da gravidez.

Avianca Brasil 
Em incentivo ao empoderamento feminino e à equidade entre gêneros no ambiente de trabalho, a companhia
aérea Avianca Brasil formou, por meio do programa Donas do Ar, a primeira turma 100% feminina de pilotas
da aviação nacional, composta por 16 mulheres. Com a formatura, que aconteceu em julho de 2018, após seis
meses de treinamentos, o número de mulheres na tripulação técnica da empresa chega ao total de 34, entre
comandantes e copilotas. Segundo Frederico Pedreira, presidente da Avianca, o programa tem como principais
objetivos fomentar a contratação de mulheres, educar funcionários para a diversidade e para a inclusão e atuar como transformador social.
 
“Em 2017, quando o programa teve início, as mulheres representavam menos de 2% do total do quadro de
comandantes e copilotos da companhia. Depois da implantação do projeto, a proporção de pilotas já chegou a
5%. A meta é que pelo menos 30% das próximas turmas de pilotos sejam mulheres”, afirma. A expectativa é aumentar,
anualmente, em 10% o número de mulheres nas cabines. Por meio do Donas do Ar, a companhia também
realiza trabalho de base, levando as comandantes e copilotas para ministrar palestras em instituições de ensino
para jovens e crianças. "Acredito que a diversidade em uma empresa e%u0301 uma fonte importante de geração de
valor. Ela estimula a criatividade, a exposição de novas ideias, opinio%u0303es e pontos de vista, produzindo inovac%u0327a%u0303 o constante, fundamental para a aviação."


Sete princípios estabelecidos pela ONU mulheres
1 Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade
de gênero, no mais alto nível;
 
2 Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no
trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos
e a não discriminação;
 
3 Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as
mulheres e homens que trabalham na empresa;
 
4 Promover educação, capacitação e desenvolvimento
profissional para as mulheres;
 
5 Apoiar o empreendedorismo de mulheres e promover
políticas de empoderamento delas através das cadeias
de suprimentos e marketing;
 
6 Promover a igualdade de gênero através de iniciativas
voltadas à comunidade e ao ativismo social;
 
7 Medir, documentar e publicar os progressos da empresa
na promoção da igualdade de gênero.

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