No Ceará, foram registradas, em 2016, 44 mortes maternas, 18,2% delas causadas por hemorragia e outras 18,2%, por hipertensão (ou pré-eclâmpsia), indicadas como principais complicações relacionadas ao parto também no Brasil como um todo. Complicações no parto, infecções e embolias são também responsáveis pelas mortes maternas, temática discutida durante a Semana Nacional de Mobilização pela Saúde das Mulheres, encerrada na última quinta-feira, 31.
Esses riscos são evitáveis com apenas uma resposta: assistência pré-natal qualificada. O professor de enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Antônio Rodrigues Júnior, explica que o pré-natal é a primeira forma de evitar qualquer problema ou situação inesperada, pois permite que as mulheres tenham avaliação dos padrões de saúde mais próximo dos profissionais. "Assim, no caso de aumento de pressão ou formação de edema, o profissional tem condição de realizar um processo que impeça a possibilidade de desenvolvimento do problema."
Silvana Napoleão, supervisora do Núcleo de Saúde da Mulher, Adolescente e Criança da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), afirma que atualmente existe um déficit de identificação da gravidez de risco ainda em seu estágio inicial, principalmente pela falta de acompanhamento pré-natal e de vinculação da gestante a uma unidade de saúde ainda durante a gravidez. "No Estado do Ceará, temos detectado isso tardiamente, geralmente já no momento do parto."
Demais agentes causadores
Outras doenças como diabetes gestacional e problemas decorrentes de infecções urinárias e sífilis podem ainda ser detectadas durante o pré-natal. "A infecção urinária, por exemplo, pode gerar um parto prematuro, que também pode levar à morte do recém-nascido," explica Silvana. A partir da identificação do problema, a gestante pode ser encaminhada para atendimento especializado até o final da gravidez, além de receber os tratamentos direcionados durante e depois do parto. Por isso, o pré-natal cuidadoso iniciado o mais cedo possível é essencial.
De acordo com Edson Lucena, professor de obstetrícia da Universidade Federal do Ceará (UFC), os exames devem ser centrados na gestante e feitos regularmente por meio de ultrassonografia e verificação da pressão arterial e peso materno. O mais importante é identificar a condição de risco da mãe, acompanhar a gestação e fornecer assistência especializada ao parto. Este acompanhamento deve ser feito até no período pós-parto, chamado de puerpério, quando ainda há risco de mortalidade.
O docente explica que somente é possível definir que uma gestação é considerada de risco habitual quando, ao finalizar o pré-natal, a assistência ao parto e o pós-parto, nenhum desfecho negativo tiver acontecido. "Não há nenhum método seguro que possa, de forma prospectiva, garantir que aquela gestante esteja e continue até o final como de risco habitual."
Meta para a próxima década
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) pretendem reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100 mil nascidos vivos até 2030. De acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2015, a taxa global ainda é de 216 mortes por 100 mil nascidos vivos.
A redução já era um objetivo estabelecido para o milênio, porém não foi alcançada pelo Brasil. Para Silvana, o caminho para tal fim é promover o parto humanizado nas maternidades, dar o direito do acompanhamento, evitar violência obstétrica e estabelecer boas práticas na maternidade, elementos ainda em desenvolvimento.
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