Aventuras incríveis vividas pelo mineiro Sebastião Salgado resultam nas fotografias já conhecidas pelo público, mundialmente, em livros e exposições. O documentário O Sal da Terra (2015), dirigido pelos cineastas Wim Wenders (Paris, Texas, 1984, e Pina, 2011) e Juliano Ribeiro Salgado (Nauru, uma ilha à deriva, 2009) - filho de Sebastião -, aborda a vida do fotógrafo e apresenta histórias por trás de ensaios como "Outras Américas", "Êxodo" e "Gênesis". A produção franco-brasileira - que ganhou o César de melhor documentário, em 2015, e foi considerado o melhor filme estrangeiro no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em 2016 -, está disponível na Netflix.
Narrado ora pelos diretores - um deles filho e o outro, amigo do protagonista -, ora pelo próprio fotógrafo, o longa não traz discussões sobre o fazer fotográfico. O filme conta a vida de Sebastião Salgado e mostra detalhes do trabalho dele, assim como de questões familiares. Ao longo dos 110 minutos de duração, aborda-se desde a infância em Aimorés (MG), passando pela mudança para Vitória (ES) na adolescência, pelo relacionamento com Lélia Wanick Salgado e, posteriormente, pela saída do casal do Brasil para a França, onde começou a fotografar.
Em cenas que alternam entre a imagem, em plano fechado, de Salgado e fotografias feitas por ele,o fotógrafo conta histórias das viagens que faz a trabalho e originaram alguns de seus livros. Em expedições que duram anos, ele imerge em diferentes realidades para desenvolver os projetos, planejados com o auxílio de Lélia. Em "Serra Pelada" (1986), por exemplo, registra o dia a dia dos garimpeiros de Curionópolis, no Pará. As imagens mostram o amontoado de pessoas - de diversas regiões do País e de diferentes classes sociais - em busca de ouro. "Um mundo hiper organizado, mas em total loucura", conta Salgado.
Outro trabalho que recebe destaque na narrativa é "Êxodo", realizado entre 1993 e 1999, que aborda o tema ainda atual dos refugiados - da África, da Índia, das Filipinas, do Vietnã e da América do Sul. "Enquanto a Europa começava a fechar as fronteiras, Sebastião tentava lançar luz sobre o destino dos desterrados", diz Wenders. Além disso, o longa traz ainda informações sobre o Instituto Terra, fundado pelo casal com a intenção de recuperar área da Mata Atlântica com reflorestamento.
Embora o trabalho de Sebastião Salgado tenha críticos - e dentre eles está Susan Sontag, escritora, crítica de arte e ativista norte-americana - que afirmam que as fotografias são uma "estetização do sofrimento", O Sal da Terra merece ser visto. Com imagens que chamam atenção pela beleza, o documentário sacia a curiosidade de admiradores da fotografia que buscam as histórias por trás dos cliques.
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