DESIGN 22/02/2018 - 07h00

Decoração afetiva: uma residência com memória

Focada no individual de cada um, a decoração afetiva traz tanto itens que remetem à memória dos moradores quanto a gostos pessoais deles
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Hamlet Oliveira hamlet.oliveira@opovo.com.br
Paul Prescott/Shutterstock
A decoração afetiva foca nas experiências e memórias de cada morador

Levar as memórias adquiridas durante a vida para a organização de casa. É esta a principal atribuição da decoração afetiva, estilo de design de interiores que valoriza a particularidade de cada morador, dando um toque único ao décor. Embora o estilo possa ser desenvolvido por um arquiteto e urbanista ou designer de interiores, o próprio dono da casa pode seguir algumas dicas para dar um ar diferenciado para a residência. 

Fotografias, vasos, retratos, objetos de viagens: todos estes e outros itens podem conversar entre si para construir espaços individuais dentro da ótica da decoração afetiva. "É contar uma história através do que o cliente vem passando", explica a arquiteta e urbanista Deborah Braga. A especialista afirma que existe a possibilidade de desenvolver um espaço com referências ao que o dono da residência ama, como arte ou gastronomia, até um específico para memórias. 

Outro lembrete dado por Deborah é que, nessa decoração específica, não há um estilo pré-definido, com público tanto para um ar mais moderno quanto vintage. Logo, é preciso averiguar qual aspecto da personalidade é mais importante para cada um. 

Criando meu ambiente
Para quem prefere criar sua própria decoração, Deborah indica primeiro uma reflexão sobre os gostos pessoais. Estabelecer o que vai combinar com cada ambiente e de que forma. Uma decoração voltada para fotos, por exemplo, necessita que elas fiquem bem agrupadas em um local com iluminação adequada e cores que não roubem toda a atenção dos itens principais. "Em uma decoração de louças antigas, pode-se colocar uma cor forte na parede e usá-la para contrastar com os pratos", fala. 

"[A Decoração afetiva] é uma apropriação da decoração. Faz com que ela represente você, que tenha sua identidade. Parte dos objetos utilizados podem ser ressignificados, dando uma utilidade diferente da original, permitindo que ele faça parte de um elemento decorativo”, conta Katarine Medeiros, designer de interiores.

Um cenário único
Adepta ao estilo, a arquiteta e urbanista e designer Dora Coelho traz um pouco da memória familiar em casa. Escritor, o avô de Dora deixou um móvel que já chega à terceira geração. O parente possuía a marcenaria como hobby. "Hoje, a marcenaria é algo que faço profissionalmente. O móvel eu ganhei da minha mãe, que já o tinha recebido da minha avó", relembra.  
Foto: Igor Barbosa/Divulgação
Móvel construído pelo avô de Dora Coelho
 
Além desse item, Dora guarda o primeiro móvel que construiu, quando ainda estudava em São Paulo. "Tem vários objetos semelhantes a esse. Quadros pintados pela minha mãe, uma fotografia preto e branco minha, feita por uma amiga. Então é ter uma casa com coisas que te lembrem momentos legais e pessoas que são importantes. Muitas peças na minha casa foram feitas por mim", diz.

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