O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse hoje (17), momento antes de abrir a sessão de votação da admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que fará a segunda chamada dos ausentes na votação, imediatamente após chamar pela primeira vez. Segundo Cunha, esse é um critério que cabe a ele decidir e ele não fará a segunda chamada após a conclusão completa da primeira.
Na opinião dele, cada deputado que se ausentar da votação deverá depois justificar a sua ausência para a sociedade. “A segunda chamada é um critério da presidência, pode fazer ou não fazer. Nós vamos no próprio estado, se tiver um ausente a gente volta a chamar no próprio estado. Se alguém está procurando se ausentar para votar no fim do resultado vai perder seu tempo”, explicou.
Cunha disse que os debates acalorados já são esperados e “fazem parte” do processo. Ele voltou a negar que a votação de hoje seja resultado de um plano de vingança dele contra o governo porque o PT não ajudou a evitar a abertura de processo contra ele no Conselho de Ética da Câmara.
“Primeiro, existe efetivamente uma denúncia para abertura do processo por crime de responsabilidade, o que levou a esse processo é a existência do crime de responsabilidade – que está se abrindo processo para se julgar depois”, disse. “Em segundo lugar é uma continuidade de atos que levaram a um recorde de protocolos de pedido de impeachment de todos os presidentes da república da história do país”, afirmou.
Eduardo Cunha fez uma análise da conjuntura política do país e disse que não é normal tantos pedidos para o impedimento contra a presidenta. Na opinião dele, o que acontece hoje reflete um processo de deterioração política que começou ainda nas eleições de 2014.
“O que se nota é uma conjuntura desfavorável, efetivamente uma contestação. Você advém de um processo político complicado que vem desde a eleição, que, na realidade, trouxe uma divisão muito grande para o país, porque a forma que se obteve a vitória foi uma forma contestada. A partir daí, não houve uma pacificação política do país e continuou-se o embate", afirmou.
Questionado sobre a judicialização do processo, Cunha disse que foram pedidas várias liminares no Supremo Tribunal Federal nos últimos dias, inclusive uma para que ele não votasse e outra para suspender todo o processo. “Todas foram negadas ou não foram analisadas”, disse.
Sobre a liminar do ministro Marco Aurélio Mello que determinou a abertura de processo de impeachment também contra o vice-presidente da República Michel Temer, Cunha disse que ela estabelece que todos os pedidos que estão pendentes sejam analisados. Nesse caso, Cunha disse que seria melhor esperar que o Supremo se manifeste para depois ele ver como vai proceder.
“Nós temos um processo de impeachment que foi a sessão mais longa da história da Câmara dos Deputados. Houve um debate exaustivo e eu não seria justo com esse debate se eu fosse falar de outro”, disse.
Agência Brasil
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