A s fissuras da Casa do Barão de Camocim revelam a cartografia da memória de uma moradia secular. O espaço tombado pela Prefeitura Municipal em 2007 ainda não recebeu reforma e chama a atenção dos transeuntes pela suntuosidade, mas também pela precariedade. Localizada na Rua General Sampaio, no Centro, a mansão construída nos moldes do Renascimento europeu integra hoje o complexo Vila das Artes e, após anos fechada, volta a ser ocupado.
Uma reforma para a Casa do Barão de CamocimEstrutura do prédio está deterioradaPonto de Vista
O casarão amarelo foi reaberto para a realização de algumas atividades artísticas. A maior delas foi a exposição Materialidades/Ativações/Deslocamentos que encerrou, nos dias 8 a 10 de outubro, a programação de aniversário da Vila das Artes e ocupou todos os espaços da Casa do Barão de Camocim. A atividade proposta pelo curso de Realização em Audiovisual da Escola Pública de Audiovisual da Vila durou três dias e tinha como objetivo levar para o espaço instalações que dialogassem com a própria Casa.
“Essa exposição foi um posicionamento político, sabe”, defende Raphaella Kalaffa, aluna do Curso. “Nós alunos queríamos repensar o uso daquela casa, pensar em como habitar e cuidar desse lugar que está consumido pelo tempo de uma forma que não é legal, então tivemos fôlego para permanecer três dias, mesmo com as limitações físicas e de equipamentos”, afirma.
Para Eduardo Oliveira, estudante universitário e um dos integrantes da exposição, o evento veio num momento chave para discutir o abandono e a preservação de bens culturais tombados ou não pelo Estado. “A exposição veio pra dizer que o Centro pede arte e cultura. Os três dias foram incríveis, muita movimentação, as pessoas saíam meio atônitas”, relembra.
“Ter as instalações dentro da Casa do Barão de Camocim é um reflexo de que aquele espaço pode e deve ser ocupado, vivido e habitado por todos os fortalezenses. Dá uma sensação de querer mais, de imaginar os quartos e sacadas ocupados por outras intervenções artísticas”, deseja Carolina Areal, estudante de Comunicação Social.
Cuidar
Uma lixeira de recicláveis no jardim, uma horta com pimenteira, manjericão e babosa denunciam o desejo de edificar e resistir no local. A estudante Carolina Areal visitou o local da exposição e conta que a casa está realmente precisando de cuidados. “O piso superior, perto da escada, precisou de uma alternativa para não comprometer tanto, as janelas estão com venezianas caindo e consumida por cupins”, detalha.
Além disso, existem barras de ferro que sustentam parte do muro da frente que ameaça cair. A pintura está gasta, existem falhas no reboco e nos degraus da escada, as partes de ferro estão corroídas pela ferrugem e o local não conta com instalação de água nem de energia.
A reportagem do O POVO tentou acesso ao local, mas a visita não foi autorizada. De acordo com a direção da Vila das Artes, a Casa estava num processo de “desmontagem da instalação” e só seria possível receber a equipe após o prazo de 10 dias. Em entrevista por email por solicitação da diretora da Vila, Cláudia Pires, ela afirma que foram tomadas providências para receber as atividades.
De acordo com Cláudia, a Coordenação de Patrimônio da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) realizou vistorias na Casa do Barão de Camocim e produziu um laudo técnico de autorização. A montagem contou com o apoio de eletricista da Secultfor e “de uma equipe de profissionais contratada para viabilizar uma instalação elétrica compatível com a demanda da exposição e com as normas de segurança exigidas para essa abertura da Casa”, além da presença de extintores de incêndio durante os três dias.
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