Preso na manhã de ontem em decorrência da 35ª fase da Operação Lava Jato, o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, está em Curitiba até que sejam apuradas as acusações contra ele. A detenção preventiva do petista gerou mal-estar no governo Temer e revolta no PT. O ministro da Justiça, Alexandre Moraes (PSDB), deu a entender que tinha informações secretas da investigação, o que irritou o Planalto.
Durante comício no interior de São Paulo, ele afirmou que mais prisões ocorreriam ainda nesta semana. A informação caiu como uma bomba no colo do governo de Michel Temer (PMDB), que já sofre acusações da oposição de ter intuito de interferir na Lava Jato.
Depois de o ex-ministro do Planejamento de Temer, Romero Jucá, ser gravado dizendo que precisava “estancar a sangria” das investigações, o governo tem tentando mostrar que não iria interferir no trabalho da Polícia Federal. Embora as declarações de Moraes possam ter complicado a situação do Planalto, o presidente foi aconselhado a não repreendê-lo imediamento, na expectativa que o assunto caiu no “esquecimento”.
No PT, lideranças acusam a Lava Jato de agir diretamente para prejudicar o partido, sobretudo na última semana antes do primeiro turno das eleições municipais. Partidários temem que as prisões de Palocci e Guido Mantega, que foi solto imediatamente mas continua na mira da PF, atrapalhem o desempenho dos candidatos petistas nas capitais. Entre eles, Fernando Haddad, que tenta reeleição na Prefeitura de São Paulo.
Acusações
A procuradora da República, Laura Gonçalves Tessler disse que o ex-ministro Antônio Palocci teve atuação “intensa e reiterada” na defesa de interesses da empreiteira Odebrecht na administração pública federal.
“Essa atuação se deu mediante a pactuação e recebimento de contrapartidas em favor do Partido dos Trabalhadores. Palocci, ao que tudo indica, atuava como gestor dessa conta tendo atuado desde 2006 até pelo menos novembro de 2013, comprovadamente, com pagamentos documentados nessa planilha”, disse a procuradora. Em email do empresário Marcelo Odebrecht, interceptado pela PF, teria ficado implícito que Palocci iria tentar compensar veto de Lula que prejudicou a empresa, através de favores futuros.
O advogado de Palocci, José Roberto Batochio, criticou a prisão de seu cliente, dizendo que tudo ocorreu de maneira secreta, ao estilo ditadura militar. “Não há necessidade de prender uma pessoa que tem domicílio certo, que foi duas vezes ministro, que pode dar todas as informações quando for intimado. É por causa do espetáculo?”, reclamou. (com agências de notícias)
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