O presidente Michel Temer (PMDB) errou ao subestimar os protestos contra ele e seu governo durante entrevista na China, quando disse que as manifestações no Brasil eram coisa de um grupo de 40, 50,
100 pessoas.
Na avaliação de sua equipe, Temer escorregou e transmitiu um sentimento de soberba, fugindo à sua característica de não menosprezar adversários mesmo em situações de conflito.
Ao dar as declarações durante sua passagem pela China, Temer até procurou dizer que seu governo não é contra manifestações nas ruas, mesmo as que têm sua administração como alvo.
O peemedebista criticou a ação de “baderneiros”, mas acabou escorregando ao dizer que os protestos estavam sendo feitos por uma minoria de 40, 50, 100 pessoas.
O escorregão do presidente é atribuído a avaliações apressadas feitas pelos aliados que integram sua comitiva no giro chinês, quando participou da reunião do G-20 (grupo das maiores economias do mundo).
Uma tentativa de conserto da falha já foi ensaiada ainda na China. Temer voltou ao Brasil sem dar novas entrevistas sobre o tema, mas seu ministro Henrique Meirelles (Fazenda) buscou contextualizar a fala do chefe.
Meirelles reconheceu o “número bastante substancial de pessoas” nas ruas, mas disse que “já tivemos manifestações muito maiores”.
Segundo assessores de Michel Temer, esta era sua intenção. Dizer que as manifestações que estavam ocorrendo logo após o impeachment não estavam reunindo grande grupo de pessoas nas ruas, diante de outros protestos realizados no país recentemente.
O resultado, segundo avaliação do Palácio do Planalto, é que a fala de Temer acabou servindo como estímulo para os manifestantes irem às ruas no último, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Ironia
O tenente-coronel da Polícia Militar Henrique Motta, que comandou a operação policial na manifestação contra o governo de Michel Temer no domingo, ironizou a estudante Deborah Fabri, 19, que teve o olho perfurado no ato de quarta-feira (31), em uma postagem no Facebook.
A imagem, compartilhada no perfil pessoal de Motta, mostra um “tweet” da jovem de 2015, em que ela afirma ser a favor de “qualquer ato de qualquer destruição em protesto de cunho político que tenha objetivos sólidos” e a mensagem postada pela estudante na quinta-feira (1º), após ser liberada do hospital. Entre as imagens, os dizeres: “quem planta rabanete, colhe rabanete”.
Saiba mais
Manifestantes
Deborah Fabri é um dos sete feridos após o início do confronto entre manifestantes e policiais na rua da Consolação, na manifestação de quarta-feira. Ela relatou a médicos ter sido atingida após a explosão de uma bomba. Não é certo que ela tenha perdido totalmente a visão do olho esquerdo, mas a recuperação é improvável, afirmou o diretor operacional do Hospital de Olhos Paulista, Willian Fidelix. O perfil de Henrique Motta também possui postagens contrárias ao governo de Dilma Rousseff.
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