Henrique Araújo, editor-adjunto de Conjuntura
Não foi uma quinta-feira feliz para o Planalto. Ao final da noite, a maior parte dos placares mantidos por jornais assegurava: a oposição havia obtido os 342 votos de que precisa para afastar a presidente Dilma Rousseff (PT) no próximo domingo, 17. Também ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva articulou um ato que pretendia ser de força, mas acabaria se revelando apenas desesperado: a apresentação de lista com supostos 185 apoiadores do governo dispostos a barrar o impeachment. Do listão, porém, constavam nomes que já tinham declarado voto contrário à presidente. Vexatória, a medida lembra uma imagem consagrada no futebol. Nela, o goleiro do time que está atrás no marcador deixa a sua área e vai até o campo adversário para tentar o improvável: cabecear e fazer o gol. Quase sempre fracassa. Para terminar o dia, o Supremo Tribunal Federal rejeitou as ações que questionavam a ordem de votação do impeachment. Ponto para Eduardo Cunha. A sucessão de pequenas derrotas numa semana cujo início parecia alentador (lembrem-se da pesquisa Datafolha de domingo mostrando os bons números de Lula e a rejeição a Michel Temer) sela o destino do governo? Não. Mas, salvo por fato político de grande dimensão, uma imprevista intervenção do Judiciário ou um coelho na cartola, será difícil reverter a tendência de derrota, já pressagiada na aprovação do parecer da Comissão Especial na segunda-feira passada. Num cenário em que a base governista derrete cada dia mais e nem o velho balcão de negócios armado no Congresso convence os parlamentares, é mais fácil crer que a agenda de manifestações mantida por Lula já integre a próxima campanha presidencial do petista. Ovacionado no Rio de Janeiro, ao lado de artistas como Chico Buarque e Gregório Duvivier, o ex-presidente tem a faca e o queijo na mão: a narrativa do golpe contra a democracia; movimentos sociais nas ruas prontos para se mobilizar ao seu comando; e uma oposição cujos índices despencam quanto mais Lula apanha (casos dos tucanos Alckimin, Aécio e Serra). Novamente, o que pode alterar esse quadro? A Lava Jato. Com Dilma fora do baralho e do Planalto, o petista voltaria para a alça de mira de Sérgio Moro.
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