O ministro-chefe do gabinete pessoal da presidente Dilma Rousseff, Jaques Wagner, afirmou ontem que a relação do governo com o vice-presidente Michel Temer passa a ficar interditada e avaliou que ele poderá ter mais dificuldade caso venha a assumir a Presidência da República porque não tem a “legitimidade do voto”.
“A relação será sempre educada, mas fica interditada. Alguém que teve 54 milhões de votos já enfrenta dificuldade. Imagina alguém que não vem com essa mesma legitimidade. Terá mais dificuldade ainda”, afirmou Wagner.
O ministro foi escalado pelo Planalto para oficializar a reação do governo diante do rompimento do PMDB, comandado pelo vice-presidente. Minutos após a reunião do PMDB, Wagner foi chamado para uma conversa com a presidente na qual os dois selaram o discurso oficial.
Questionado sobre se, diante do apelo do próprio partido para que seus ministros entregassem seus cargos, Temer deveria fazer o mesmo, renunciando à vice-presidência, Wagner afirmou que não opinaria sobre uma questão pessoal do peemedebista. “Se quiserem sugerir, sugiram, mas não vou opinar. Entendi o raciocínio, mas não cabe a mim julgar”, afirmou.
O ministro também ironizou a rápida reunião realizada pelo partido que selou o desembarque. O encontro, que durou apenas três minutos, não teve discursos e o resultado se deu por aclamação. “Não sei qual era o objetivo, talvez um título no Guiness Book”, disse.
Parceria
A presidente Dilma esperava o rompimento do PMDB com o governo, mas demonstrou irritação com a rapidez do encontro.
Nas palavras de um assessor presidencial, para quem a decisão do PMDB foi autoritária, “em três minutos, o partido desprezou 13 anos de parceria” – em referência ao apoio oficializado ainda no primeiro mandato de Lula. A ordem, a partir de agora, é abrir uma guerra pública contra o vice-presidente Michel Temer.
Para deslegitimar sua autoridade para governar o país, o governo federal deve encampar o discurso de que Temer é o “capitão do golpe” e de que “está em conluio” com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para aprovar o impeachment.
Nesse momento, a presidente ainda não deve protagonizar os ataques, que ficarão a cargo de ministros e líderes da base aliada no Congresso Nacional. A estratégia é também tentar enfraquecer a mobilização para tirá-la do cargo.
Segundo o Planalto, a ruptura do PMDB também significa rompimento definitivo na relação entre Dilma e Temer, abalada desde o ano passado.
SAIBA MAIS
Atuação
Nos últimos dois meses, Temer e Dilma não têm se falado.
O peemedebista não é chamado desde o início do ano nem para audiências privadas nem para reuniões de coordenação política. Em encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Temer reclamou da tentativa de Dilma isolá-lo.
Com a ruptura completa da relação, o vice-presidente pretende se afastar de Brasília e esperar o desfecho do processo de impeachment em São Paulo. O objetivo é adotar uma “agenda discreta”, sem ações ostensivas que passem a impressão de que ele deseja assumir o cargo.
Sem o PMDB, o governo tenta agora recuperar em outros partidos os votos perdidos para evitar a aprovação do impeachment na Câmara.
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